Petição para classificar obra de José Mário Branco soma mais de 2.100 assinaturas
Mais de 2.100 pessoas já subscreveram uma petição pública a pedir que a obra de José Mário Branco seja classificada como de interesse nacional, pela importância na música portuguesa, disseram à Lusa dois dos autores da iniciativa.
A petição pública, lançada no início do mês, é dirigida ao Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e ao ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e a ideia partiu de 39 pessoas ligadas à música portuguesa.
“É inquestionável a importância da obra de José Mário Branco, não só pela sua obra pessoal, em termos de música e em termos de cantautor, mas também porque foi relevante para muitos cantautores e fadistas portugueses”, afirmou o músico Vítor Sarmento, um dos peticionários.
Entre os primeiros peticionários estão também os músicos Francisco Fanhais, Gaspar Varela, João Afonso, José Barros, Manuel Freire e Marco Oliveira, o editor Arnaldo Trindade, a cantora Ana Ribeiro, o investigador João Carlos Callixto e o radialista Armando Carvalhêda.
“Estamos a fazer 50 anos da revolução [de 25 de Abril de 1974] e achamos que é importantíssimo ser feito agora e ser reconhecido agora”, disse à Lusa o produtor musical Alain Vachier, que trabalhou com José Mário Branco.
Vítor Sarmento lembrou que “existe felizmente na universidade um trabalho profundo de compilação e de divulgação da obra do Zé Mário”. No entanto, os peticionários querem que seja também o Estado a dar um caráter nacional, classificando a obra daquele músico.
“A sua obra é, sem qualquer dúvida, um património cultural português. A classificação desta será um passo importante para o seu conhecimento e preservação, assim como um impulso decisivo para a divulgação futura”, lê-se na petição.
José Mário Branco, um dos mais importantes nomes da música portuguesa do século XX, em particular desde a década de 1970, morreu aos 77 anos, em novembro de 2019.
Em 2021, a família do músico assinou um protocolo de cedência de todo o espólio à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, para organização e catalogação de centenas de documentos, gravações, fotografias, discos e outros objetos.
Este protocolo tinha como finalidade dar seguimento ao trabalho que José Mário Branco tinha encetado anos antes com o Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) e o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), daquela universidade, de identificação e catalogação da obra escrita e musical.