“Pobres Criaturas” de Yorgos Lanthimos abre 17.º festival de cinema LEFFEST em Lisboa
O festival de cinema LEFFEST, que este ano acontece pela primeira vez só em Lisboa, vai abrir com o filme “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos, homenagear Clint Eastwood e debater a relação da Inteligência Artificial com a criação.
A 17.ª edição do LEFFEST – Lisboa Film Festival, hoje anunciada em conferência de imprensa, vai acontecer de 10 a 19 de novembro, em seis espaços de Lisboa, entre os quais o Cinema Nimas, o Teatro Tivoli, o Cineteatro Turim e a Academia das Ciências.
Da programação anunciada hoje pelo diretor do festival, Paulo Branco, destacam-se vários filmes que passaram pelos principais festivais europeus de cinema, alguns dos quais premiados.
Além de “Pobres criaturas”, Leão de Ouro no Festival de Veneza, destacam-se na seleção oficial “The green border”, da realizadora polaca Agnieszka Holland, “O corno do centeio”, produção luso-espanhola de Jaione Camborda premiada em San Sebastian, “Priscilla”, de Sofia Coppola, e “Evil does not exist”, de Ryûsuke Hamaguchi.
Entre os convidados anunciados para a 17.ª edição estão os cineastas Victor Erice, Ryûsuke Hamaguchi, Leos Carax, Nuri Bilge Ceylan – de quem será mostrada uma retrospetiva -, Cédric Kahn e Jaione Camborda.
Destaque ainda para o realizador português Pedro Costa, com uma programação intitulada “Os quartos do cineasta Pedro Costa”, que inclui a apresentação de um livro do filósofo e ensaísta Jacques Rancière sobre o cineasta, e a exibição da curta-metragem “As filhas do fogo”.
A edição de “Pedro Costa — Os Quartos do Cineasta”, do filósofo francês, foi anunciada para o último trimestre do ano, pela editora Relógio d’Água.
O júri, presidido pelo realizador Elia Suleiman, inclui a atriz e realizadora Fanny Ardant, o realizador e fotógrafo Khalik Allah, o escritor Giorgi Gospodinov, o músico e compositor Nitin Sawhney, a escritora Rachel Kushner e a artista plástica Adriana Molder.
Há ainda a sublinhar o acolhimento da exposição “Éloge de L’Image – Le livre d’image”, que, segundo Paulo Branco, o cineasta suíço Jean-Luc Godard estava a preparar antes de morrer, em setembro de 2022.
A exposição, com instalações, objetos, textos e vídeo, tem curadoria de Fabrice Aragno e ocupará cinco salas do Palácio Sinel de Cordes, sede da Trienal de Arquitetura.
Este festival de cinema aconteceu pela primeira vez em 2007 e chegou a envolver os municípios de Cascais e Sintra.
No final da conferência de imprensa, Paulo Branco contou à agência Lusa que a produção do LEFFEST apenas em Lisboa representa uma “evolução natural” e segue uma lógica de “tentar fazer um festival numa grande cidade como Lisboa e tentar que corresponda ao que a cidade precisa de relação da cultura com os espectadores”.
“Só tenho a agradecer às outras câmaras que me apoiaram nestes anos, sem elas o festival não teria existido, mas tendo havido esta abertura da câmara de Lisboa de o transformar num festival-bandeira da cidade, eu aceitei”, disse.
As sessões de cinema irão repartir-se entre o Nimas, o Turim e o Teatro Tivoli, para uma assistência que variará entre os 1.200 e os 90 lugares, contando com a Academia de Ciências, que acolherá o debate sobre Inteligência Artificial, e o palácio da Trienal de Arquitetura.
Haverá ainda uma exposição do fotógrafo Khalik Allah na Galeria Imago Lisboa e, já fora de Lisboa, a apresentação da peça “O dever de deslumbar”, sobre Natália Correia, com encenação da realizadora Ana Rocha de Sousa, no Centro Cultural da Malaposta, em Odivelas.
A programação proposta inclui ainda os filmes portugueses “Ubu”, de Paulo Abreu, e “Diálogos depois do fim”, de Tiago Guedes, assim como quatro obras da realizadora Justine Triet, e as mais recentes produções, em antestreia nacional, de Todd Haynes (“May December”), Richard Linklater (“Hit Man”) e Ken Loach (“The Old Oak”).
“Eu tento que este espectáculo não escolha o espectador. Os espectadores é que têm de escolher os espectáculos que querem ver. A nossa batalha desde sempre é sobretudo não ceder à vulgaridade e mediocridade e [que, com] tudo o que propomos, nos possamos orgulhar disso. É mostrar o que de mais importante se fez no panorama cinematográfico este ano”, explicou Paulo Branco.
Na apresentação à imprensa, o presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse que este festival é “uma interseção entre culturas”, do cinema, com a ciência, a arquitetura, a música e os debates.