“Poor Things” de Yorgos Lanthimos conquista Leão de Ouro do Festival de Veneza

por Lusa,    10 Setembro, 2023
“Poor Things” de Yorgos Lanthimos conquista Leão de Ouro do Festival de Veneza
“Poor Things” de Yorgos Lanthimos
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A longa-metragem “Poor Things”, do cineasta grego Yorgos Lanthimos, conquistou hoje o Leão de Ouro de melhor filme, prémio máximo do Festival de Veneza, anunciou o júri desta 80.ª edição do certame, presidido pelo realizador Damien Chazelle.

Protagonizado por Emma Stone, com Carminho no breve papel de uma fadista anónima, “Poor Things” (“Pobres Criaturas”) decorre entre o fantástico e o real, para demonstrar como os padrões sociais pesam sobre as mulheres.

Dirigido pelo cineasta de “A Lagosta” e “A Favorita”, “Poor Things” ainda não tem data de estreia em Portugal.

O Leão de Prata do Grande Prémio do Júri, o segundo mais importante do festival, foi para “Evil Does Not Exist”, um hino à proteção da natureza dirigido pelo japonês Ryusuke Hamaguchi, o mesmo de “Drive my Car”, nomeado para os Óscares.

Emma Stone e Mark Ruffalo em “Poor Things” / Fotografia de Atsushi Nishijima – Searchlight Pictures

O italiano Matteo Garrone conquistou o Leão de Prata de Melhor Realizador com “Io Capitano”, uma história sobre a imigração subsaariana, que atravessa o deserto, o pesadelo da Líbia e os perigos da travessia do Mediterrâneo, protagonizada pelo senegalês Seydou Sarr, que recebeu o prémio Marcello Mastroianni de Melhor Ator Emergente. 

Na cerimónia que encerrou o festival, Matteo Garrone deu a palavra ao senegalês Mamadou Kouassi, cujo testemunho inspirou o filme, e dedicou o prémio “a todas as pessoas que não pediram para chegar a [ilha italiana de] Lampedusa”, apelando ao fim do tráfico de seres humanos e ao estabelecimento de corredores seguros para os requerentes de asilo.

O chileno Pablo Larraín recebeu o prémio de melhor argumento por “El Conde”, sátira em que retrata o ditador Augusto Pinochet como um vampiro sanguinário, numa crítica à impunidade dos dirigentes da ditadura do seu país (1973-1990). Uma realidade que voltou a denunciar na cerimónia de encerramento do festival, quando passam 50 anos sobre o golpe militar que derrubou o governo de Unidade Popular, de Salvador Allende.

“Poor Things” de Yorgos Lanthimos

A Taça Volpi de melhor ator foi para o norte-americano Peter Sarsgaard pela sua atuação em “Memory”, segunda longa-metragem do mexicano Michel Franco nos Estados Unidos, sobre a relação de uma mulher atormentada por traumas de infância, interpretada por Jessica Chastain, com um homem que enfrenta a demência precoce.

Ao receber o prémio, Sarsgaard recordou a greve dos atores e argumentistas norte-americanos, os motivos que levaram à paralisação, e apelou aos grandes estúdios e plataformas não só para a retribuição condigna dos trabalhadores, mas também para a limitação do uso da inteligência artificial.

“Este trabalho baseia-se em relações humanas (…) e a experiência humana não pode ser entregue a máquinas”, alertou o ator. 

“Se perdermos essa batalha, a nossa indústria será a primeira de muitas a cair”, reforçou.

A Taça Volpi de melhor atriz foi para Cailee Spaeny, pelo desempenho em “Priscilla”, o filme de Sofia Coppola sobre Priscilla Presley.

A imigração também é o tema de “Green Border”, de Agnieszka Holland, que ganhou o Prémio Especial do Júri. 

Este filme retrata a situação dos requerentes de asilo na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia. Embora o argumento se concentre nos acontecimentos de 2021, quando se verificaram milhares de expulsões de um lado e do outro da fronteira, a cineasta lembrou que estas situações “continuam a acontecer”.

Na secção Horizontes, a segunda mais importante de Veneza, dedicada à vanguarda e aos novos valores do cinema, foi distinguido o ator Tergel Bold-Erdene, pelo seu trabalho em “Cidade do Vento”, primeira longa-metragem de ficção da argumentista e realizadora mongolesa Lkhagvadulam (Dulmaa) Purev-Ochir.

“Cidade do Vento” conta com a participação da produtora portuguesa Uma Pedra no Sapato. 

O filme será apresentado na próxima terça-feira no Festival de Toronto, no Canadá, e em outubro fará a estreia asiática no Festival de Busan, na Coreia do Sul.

A 80.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, que encerra hoje, teve início no passado dia 30 de agosto e contou com novos trabalhos de realizadores como Michael Mann, Roman Polanski, Woody Allen e Wes Anderson.

O festival atribuiu os Leões de Ouro de Carreira à realizadora Liliana Cavani e ao ator Tony Leung Chiu-wai.

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