Porto recebe a primeira exposição póstuma do escultor e ceramista Mário Ferreira Silva

por Comunidade Cultura e Arte,    13 Junho, 2023
Porto recebe a primeira exposição póstuma do escultor e ceramista Mário Ferreira Silva
Mário Ferreira Silva / DR

“Cerâmica com C Maiúsculo” é o nome da exposição que vai reunir parte do espólio de Mário Ferreira da Silva. A vida e obra do escultor-ceramista vai estar exposta, a partir de dia 17 de junho, na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.  

12 de junho de 2023 – “Mário Ferreira da Silva: Cerâmica com C Maiúsculo” vai trazer à Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto cerca de 25 esculturas emblemáticas de diferentes períodos de atividade, dimensão e, ainda, registos de trabalhos públicos emblemáticos do autor.  A obra do artista, cuja crítica de Júlio Resende apelidou de o “primeiro ceramista português”, poderá ser visitada gratuitamente, de segunda a sexta-feira, das 14h30 às 18h, de 17 de junho a 8 de julho.  

Organizada em parceria pela Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, pela família do artista e seus curadores, Sérgio Barros e Alice Santos, a exposição visa revisitar as obras que marcaram o percurso do autor, nacional e internacionalmente, recordando a pertinência de Mário Ferreira da Silva para a afirmação da escultura cerâmica artística portuguesa.         

Nascido em Vila Nova de Gaia, Mário Ferreira da Silva (1934-2017), começou por ingressar o Curso Complementar de Aprendizagem Ceramista na Escola Industrial e Comercial de Vila Nova de Gaia, que lhe deu bases para os primeiros estudos e ensaios de comportamento e transformação da matéria, como meio de expressão plástica. Em 1962, ruma a Itália, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, para estudar no Instituto Estatal de Arte para a Cerâmica Gaetano Bellardini, em Faenza, onde tirou o Curso Especial de Cerâmica Artística e Tecnologia Cerâmica e, depois, o Curso de Escultura na cidade de Perugia.  

Bebendo, inicialmente, das influências expressionistas, surrealistas e neo-realistas provenientes do modernismo português e, posteriormente, do informalismo europeu Mário Ferreira da Silva fez prevalecer a curiosidade pela experiência da forma, da cor e do gesto perpetuadas pelo calor do fogo na cerâmica que produzia.  

Mário Ferreira da Silva é um artista conceituado, nacional e internacionalmente, sendo bastante citado na área da cerâmica artística. O artista é citado em bibliografia relevante na área, nomeadamente em “New Directions In Ceramics”, editado em Inglaterra, em “L’art De La Céramique Aujourd’hui Dans Le Monde”, das edições romenas Meridiane, em “Maestri Della Ceramica Moderna”, edições de 1984 e 1985, e em “A Cerâmica Em Vila Nova De Gaia”, de Manuel Leão, de 1999 e da monumental publicação, editada em seis volumes, A Collection of World Famous Ceramic Art Studios, do Departamento de Arte Cerâmica da Academia de Artes e Design da Universidade Tsinghua de Pequim. Realce ainda para a publicação ”Portuguese 20th Century Artists – A Biographical Dictionary”, da editora inglesa Phillimore 

O artista está representado em diversos museus nacionais e estrangeiros, nomeadamente no Museu Internacional de Cerâmica em Faenza – Itália; Coleção da Secretaria de Estado da Cultura; Museu Amadeo de Souza Cardoso – Amarante; Casa Museu Teixeira Lopes; Galeria Diogo de Macedo e Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia; Museu de Óbidos – Portugal; Bienal de Vila Nova de Cerveira; Everson Museum of Art; bem como em numerosas colecções particulares na Europa, África, Asia e Américas.  

Em Portugal, uma das suas obras de arte pública mais emblemáticas, é a parede do altar-mor da Catedral de Bragança (1999-2000) – um impactante mural de baixo e alto relevo com cerca de 175m2 (13,75 x 12,75 m), executado em grés chamotado policromado a 1160º. Além da dimensão, o trabalho revela-se singular pela modelação direta sobre módulos pré-conformados por extrusão. Destaque ainda para o mural em baixo relevo, com 45 m decomprimento (1997-1998), executado para a Estação Ferroviária de Ermesinde.  

No plano internacional, é importante recordar os oitenta painéis cerâmicos (1971) criados para a decoração do John Fitzgerald Kennedy Center for the Performing Arts, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. 

Mário Ferreira da Silva foi o único artista português que constou como membro titular da Académie Internationale de la Céramique, órgão consultivo da U.N.E.S.C.O., com sede em Genebra. De 1978 a 1980, foi professor de cerâmica na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto. Em 1994, iniciou-se enquanto professor convidado da E.U.A.C. (Escola Universitária de Artes de Coimbra) – Ensino Universitário Artístico, sendo responsável pela regência da licenciatura em cerâmica, lugar que ocupou até perto do encerramento, em 2017. 

A vida e obra de Mário Ferreira da Silva estarão em exposição na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, de segunda a sexta-feira, das 14h30 às 18h. Todas as informações podem ser encontradas no site do escultor ceramista: www.marioferreiradasilva.com 

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