Portugal acerta a agulha à moda sustentável
A moda é a terceira maior indústria do mundo. Ano após ano, são produzidas elevadas quantidades de material têxtil. Uma produção desmedida e inconsciente com consequências negativas para a sociedade e para a atmosfera. Para travar o avanço da degradação social e do desgaste ambiental, a resposta está na sustentabilidade. Aos poucos, a indústria começa a melhorar as condições laborais e a optar pelo uso de fibras orgânicas e pela reutilização de tecidos.
Portugal já está a dar importantes passos nesse sentido. Kaleigh Tirones fundou em 2016 a marca de roupa sustentável Cleonice, que se destaca pelas suas fibras ecológicas e pela versatilidade das suas peças.
Constança Entrudo é um dos nomes promissores da moda nacional, com presença assídua na Moda Lisboa. A jovem criadora aposta na sustentabilidade, mas não tem sido um caminho fácil, pois, segundo a própria, as fábricas não estão preparadas para produzirem peças ecofriendly. Nas suas coleções, Constança Entrudo procura colaborar com outros criadores que têm a sustentabilidade imprimida no seu ADN.
O Fashion Revolution, como o próprio nome indica, é um movimento internacional que pretende revolucionar a indústria da moda pela reforma na transparência da cadeia de suprimentos. Salomé Areias, uma das mentoras do Fashion Revolution, afirma que a moda sustentável é sinónimo de boas condições laborais, pelo que os trabalhadores fabris têm que ter salários justos e um processo criativo desenvolvido.
A moda sustentável, ao promover um consumo mais consciente, faz com que haja uma alteração, a longo prazo, dos modelos de negócio. Com esta alteração, surgem os modelos de aluguer ou da troca com valor acrescentado.
A sustentabilidade está a ganhar cada vez mais importância no mundo da moda. Há consumidores que já aderiram aos valores e princípios da moda ecológica, mas há também quem ainda não esteja informado o suficiente para se deixar levar por esta corrente amiga do ambiente.
Nas fábricas, as máquinas de costura acertam as agulhas a fibras orgânicas. Os trabalhadores lutam por melhores condições laborais. O consumidor tem uma maior consciência do que compra, onde é que compra e porque é que compra. O planeta agradece. E a sustentabilidade aplaude de pé.