Prémio da crítica no festival de Berlim atribuído a cineastas iranianos impedidos de viajar
Os realizadores iranianos Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha, impedidos de saír do Irão, foram hoje distinguidos pela Federação Internacional de Críticos de Cinema no festival de Berlim, pelo filme “My favourite cake”.
O filme recebeu o Prémio FIPRESCI – sigla da Federação Internacional de Críticos de Cinema -, tendo sido descrito pelo júri como uma “desarmante história de amor entre dois idosos solitários, contada com humor e empatia e ambientada numa atmosfera melancólica na atual sociedade iraniana”.
“My favourite cake” está integrado a competição oficial do festival alemão, mas a dupla de realizadores iranianos viu-se impedida de viajar pelas autoridades de Teerão e foram-lhe confiscados os passaportes, escreveu a revista Variety.
Numa declaração partilhada na semana passada, quando arrancou o festival, a realizadora Maryam Moghaddam e o realizador Behtash Sanaeeha lamentaram não ter estado na estreia e disseram que se sentiam “como uns pais que foram proibidos de olhar para o seu recém-nascido”, citados por aquela publicação.
Em Berlim, os prémios da crítica são transversais às secções competitivas. No programa “Encontros”, onde está o filme “Mãos no fogo”, de Margarida Gil, o júri distinguiu “Dormir de olhos abertos”, da realizadora alemã Nele Wohlatz, numa coprodução entre o Brasil, Taiwan, Argentina e Alemanha.
Foram ainda atribuídos prémios FIPRESCI aos filmes “Faruk”, de Asli Ozge, e “The Human Hibernation”, de Anna Cornudella Castro.
No festival, além de “Mãos no Fogo”, de Margarida Gil, marcaram presença, no programa “Fórum”, “As noites ainda cheiram a pólvora”, do moçambicano Inadelso Cossa, e “Ressonância em espiral”, de Filipa César e Marinho de Pina, ambos com coprodução portuguesa.
O 74º. Festival de Cinema de Berlim termina no domingo, mas a cerimónia de anúncio dos prémios principais está marcada para sábado.