Quarentena cinéfila. Cinco filmes para veres de forma gratuita
No período do primeiro confinamento, em Março/Abril do ano passado, a Medeia Filmes organizou uma Quarentena Cinéfila on-line. “Foram muitos e largos os elogios, e carinhosa a recepção dos nossos espectadores a esta iniciativa, um serviço público e solidário, que nos manteve em contacto com o nosso público, que via os filmes, lia as folhas de sala, e conversava sobre as obras nas nossas redes sociais.”, revelaram responsáveis da Medeia em comunicado.
Com início no dia 25 de Janeiro, neste (novo) confinamento a Medeia Filmes, em colaboração com a Leopardo Filmes, traz de volta a Quarentena Cinéfila. A primeira fase, que vai de 25 de Janeiro a 11 de Fevereiro, será o programa especial Raridades. São 5 filmes raros, de cinematografias distintas, e com eles viajamos pelo mundo e pelo tempo.
Começamos com Posto Avançado do Progresso, de Hugo Vieira da Silva, produzido pela Leopardo Filmes (selecção oficial do Festival de Berlim em 2016), que adapta livremente o conto homónimo de Joseph Conrad, transferindo a história inquieta de Conrad para a presença colonial portuguesa em África no séc. XIX (dois colonizadores vão gerir um dos postos comerciais que Portugal tinha no interior do território africano).
Continuamos com O Mundo no Arame, do alemão Rainer Werner Fassbinder, mini-série em duas partes, a fazer quase 50 anos, e tão, tão actual. Fassbinder aventura-se no domínio da ficção científica, encenando as sombras brumosas do futuro, colocando “em cena, não apenas o poder crescente das máquinas, mas sobretudo o apagamento das fronteiras tradicionais entre ‘realidade’ e ‘simulação’ ” (João Lopes, Cinemax). Vamos vê-la numa cópia exemplarmente restaurada.
Seguir-se-á Chantrapas, do georgiano Otar Iosseliani, cineasta de culto e um dos mais “secretos” da “geração de 60” da URSS, próximo dos universos de Tati ou Pierre Étaix – que, aliás, surge no filme –, e que faz uma espécie de “balanço” ou “resumo” ficcional da sua autobiografia.
Também em registo burlesco, mas de estirpe com diferentes nuances, O Pequeno Quinquin, uma pérola de Bruno Dumont, estreada na Quinzena dos Realizadores em Cannes. Originalmente uma mini-série de quatro episódios que Dumont fez para a Arte, foi considerado o melhor filme de 2014 pelos Cahiers du Cinéma. Vasco Câmara, que o entrevistou, escreveu no Público que P’tit Quinquin é “um divertimento viciante, obsessivo”.
A fechar o programa, Alguns Dias em Setembro, o primeiro filme de Santiago Amigorena, produzido por Paulo Branco, com Juliette Binoche, Nick Nolte e John Turturro, entre Paris e Veneza, com a inquietante sombra do 11 de Setembro a pairar por ali.