‘Que é Feito dos Dias na Cave’ é uma das curtas a representar Portugal em Cannes
‘Que é Feito dos Dias na Cave’, realizado por Rafael Almeida, recém-licenciado em Cinema pela UBI foi aceite no Short Film Corner do Festival de Cannes. O Short Film Corner é festival de curtas-metragens inserido no Festival de Cannes fazendo assim parte também de tudo o que este tem para oferecer.
Um dos privilégios é certamente fazer parte dos mesmos palcos e da companhia de cineastas já mais experienciados e pessoas ligadas ao meio. Este “segmento” de Cannes decorre de 16 a 22 de Maio, em paralelo com o Festival de Cannes que decorre de 11 a 22. Por cá, ‘Que é Feito dos Dias na Cave’ estará presente na redes Shortcutz e noutros festivais e sessões em datas a serem reveladas através das redes sociais, nomeadamente através da página de Facebook oficial da curta.
O filme: A curta gravada no Mosteiro de Lorvão, em Penacova, e protagonizada por João Sério, Ana Varela e Salvador Nery leva-nos numa quase fuga da loucura quer do nosso interior (a nossa cave) quer do que nos rodeia. Com um trabalho de câmara interessantíssimo e que pauta pela diferença do convencional, o espectador é quase parte de toda a acção no desenrolar do filme à medida que o personagem principal tenta escapar de uma instituição psiquiátrica.
À conversa com o Rafael Almeida, realizador da curta, fomos conhecer um pouco melhor este ‘Que é Feito dos Dias na Cave’.
Gostaríamos que nos falasses um pouco sobre de onde veio a ideia e conceito, se te inspiraste nalgum filme para fazeres uma curta que, antes de mais, prima por dois aspetos: uma “fuga da loucura” e noutro pela forma como é gravada, sempre em constante movimento de câmara, quase acompanhando essa mesma fuga.
O conceito do filme partiu da criação de uma experiência cinematográfica diferente para o espetador, que acompanha em tempo real, a fuga de um doente do hospital psiquiátrico onde se encontra asilado. A partir desta ideia, o guionista, Tiago Primitivo, criou toda a narrativa da curta, centrando-se numa personagem, Marco, que quer fugir do asilo e dos fantasmas do passado que lhe assombram a mente. O trabalho de câmara foi extremamente importante neste filme, sendo que todos os movimentos foram rigorosamente ensaiados ao longo das quatro semanas que antecederam as rodagens.
O espectador devido a esse trabalho de câmara quase sente fazer parte dessa mesma fuga. Era o pretendido? Mostrar porventura que todos nós fugimos um pouco a esses tormentos da nossa mente?
Um dos grandes objetivos do filme é, sem dúvida, que o espetador se sinta ele próprio uma personagem da ação. Parece-me claramente que todos nós vivemos em fuga constante daquilo que nos atormenta. As nossas mentes são habitadas por monstros dos quais tentamos escapar diariamente. Essa fuga interna é por vezes mais difícil do que qualquer outra, tornando-nos nós próprios nos nossos maiores inimigos.
Qual é a sensação de ires ao Festival de Cannes?
Ir ao Short Film Corner é uma oportunidade única para estar em contacto com grandes nomes da indústria cinematográfica e ter a possibilidade de conhecer investidores e colaboradores para futuros projetos. Para além disso, será absolutamente extraordinário ficar a conhecer por dentro, um dos maiores festivais de cinema do mundo.
Da nossa parte despedimo-nos do Rafael e de toda a sua equipa desejando a maior das sortes para o festival.