Quem controla os dados biométricos?
Os dados biométricos de cada um (cara, voz, ADN, etc.) são hoje utilizados em tecnologias aplicadas em áreas tão distintas como o recrutamento para um emprego, até ao seu uso pelas forças policiais e de segurança.
O risco que esta utilização coloca à privacidade individual e o papel que as tecnologias biométricas podem, e estão, a desempenhar nas nossas sociedades são o tema da intervenção da investigadora em tecnologia, política e história Stephanie Hare, a terceira convidada do Programa de Conversas Human Entities.
Nesta sua 3.ª edição, o Programa de Conversas Human Entities tem como lema a Cultura na Era da Inteligência Artificial. Entre março e maio, especialistas internacionais são convidados a debaterem o impacto da Inteligência Artificial na vivência social e na criação de cultura na nossa sociedade e os possíveis futuros que se (nos) colocam.
Após Kenric McDowell, Diretor Artist + Machine Intelligence na Google Arts & Culture, e James Bridle, artista e escritor, a investigadora Stephanie Hare apresenta, a 17 de abril, o tema Fazer face à biométrica.
Pelas 18h30, Stephanie Hare analisa a forma como os dados sobre o corpo de cada pessoa (cara, voz, ADN ou impressões digitais) são cada vez mais utilizados por governos e empresas para identificar e monitorizar, bem como para analisar, prever e controlar os comportamentos.
A investigadora salienta o modo como este uso pode colocar em risco a privacidade de cada um e as suas liberdades civis, e a necessidade de o regulamentar, que começa já a ser pedida pelos gigantes da tecnologia como a Google, a Microsoft e a Amazon.
A 30 de maio o Programa de Conversas Human Entities prossegue com Benjamin H. Bratton, cujo trabalho tem abrangido a Filosofia, Arte, Design e Ciência da Computação.
Poucas tecnologias estimulam tanto a imaginação como aquelas que tentam replicar a mente humana. Desde a Idade Média até à ficção científica moderna, muitos fantasiaram sobre a construção de máquinas vivas. E agora chegaram, de modo completamente diferente, sob a forma de inteligência artificial: como agentes de software, invisíveis, por detrás de um vasto espectro de tecnologias computacionais que estão a redefinir todos os aspectos da nossa vida quotidiana.
A Cultura na Era da Inteligência Artificial procura reflectir sobre a utilização destes poderosos sistemas, que está a ser acompanhada por crescente desigualdade social, múltiplos escândalos da indústria e um reconhecimento cada vez maior de que estas tecnologias estão a minar a democracia, com possíveis consequências para a liberdade individual.
Se este cenário beneficia as elites ou, pelo contrário, contribui para o bem público dependerá das escolhas políticas atuais.
Com o passar do tempo, e à medida que a pressão aumenta, a compreensão que as empresas têm da machine intelligence poderá alterar-se de modo a lidar com a complexidade do mundo real.
Mas, se não aceitarmos que humanos e máquinas pensam de forma diferente, estamos a limitar as nossas hipóteses de compreender o verdadeiro potencial da inteligência artificial.
Talvez o nosso maior ganho com a inteligência artificial seja justamente a possibilidade de nos ajudar a ultrapassar o desejo de replicar a mente humana, oferecendo-nos novas formas de pensar.