Quem Matou Malcolm X? Netflix cria série para tentar descobrir a verdade
Quem Matou Malcolm X? é a nova aposta da Netflix e já está disponível na plataforma de streaming. Com Malcolm X como mote, a série documental vai focar-se na história do seu assassinato e na descoberta da verdade.
Cinquenta e cinco anos depois, em conjunto com um historiador, a Netflix vai embarcar “numa complexa missão de descobrir a verdade em nome da justiça”. É desta forma que o documentário de seis partes é descrito no site da plataforma.
Cada episódio terá cerca de uma hora e nestes capítulos irão questionar-se sobre quem foi o verdadeiro responsável pela morte de umas figuras proeminentes da América, em 1965. Ao longo da meia dúzia de episódios, os espectadores terão acesso a entrevistas nunca antes vistas e imagens de arquivo exclusivas sobre a vida de Malcolm X. Para além disso, um dos três homens condenados pelo assassinato falará sobre o acontecimento.
A série documental foi produzida pelos produtores, vencedores de Emmys e Peabodys, Rachel Dretzin e Phil Bertelsen. No intenso trailer da série, lançado durante o Black History Month, é possível ouvir um testemunho, em voz off, a dizer que não confia nos resultados da investigação, enquanto que outro diz que a investigação foi um falhanço.
Quem aparece na série?
Abdur-Rhaman Muhammada, ativista e historiador, vai ser a cara da série. O historiador é um dos mais respeitados quando se fala no caso de Malcolm X e acredita que o verdadeiro culpado ainda não foi descoberto. Ao longo de toda a série vai colocar os seus conhecimentos em prática e questionar, por exemplo, o comportamento da polícia e do FBI no dia e pós-crime.
Norman 3X Butler, um dos três homens condenados pelo delito, vai falar sobre o caso pela primeira vez desde que foi libertado. Hoje é conhecido por Muhammad Abdul Aziz e saiu da prisão em 1985.
Mas afinal quem é Malcolm X?
Malcolm X foi um ativista de direitos civis americanos que se destacou no país durante o século XX. Com a sua veia revolucionária expôs o racismo, a supremacia branca e a opressão a que estava sujeita a população negra.
Depois de ter sido detido por pequenos furtos e outros crimes, tornou-se, enquanto estava na prisão, membro da Nação do Islão. Acabou por se tornar El Haji Malik El Shabazz, um líder reconhecido internacionalmente para pessoas que sofriam opressão. Com várias opiniões mistas sobre si e o seu trabalho, aos 39 anos foi alvejado com 16 tiros, acabando por morrer.
No início, Malcolm diferenciava-se de outros líderes, como Martin Luther King Jr., pois em vez de defender a integração e harmonia, escolheu a defesa pessoal e o nacionalismo como mote. Apesar de assustar várias pessoas com os seus discursos, ganhou fãs e inspirou afro-americanos.
Mais tarde afastou-se das visões da Nação do Islão, afirmando que “Os homens brancos e os homens negros têm que conseguir sentar-se na mesma mesa”. Este passo e a criação de algumas organizações levaram a uma crescente tensão entre ele e a ex-organização.
Quando foi morto?
No dia 21 de fevereiro de 1965 Malcolm X foi assassinado em Manhattan, Nova Iorque. O ativista estava a fazer um discurso quando foi atingido. Depois do sucedido, três membros da Nação do Islão foram presos e considerados culpados pelo crime, apesar de só um deles ter confessado. Foram eles Thomas Hagan/Talmadge X Hayer (agora conhecido por Mujahid Adbul Halim), Butler e Thomas 15X Johnson (Khalil Islam). Até hoje existem vários relatos de testemunhas oculares que complicam o entendimento do caso.
Butler e Thomas negaram estar envolvidos no delito, mas acabaram por receber a sentença de prisão perpétua, tal como Hayer. Doze anos após o assassinato, em 1977, Hayer apresentou novas informações, identificando quatro elementos, mas um Juiz de Nova Iorque rejeitou a moção para reabrir o caso.
Ao contrário de outros crimes, como as mortes de John F. Kennedy e Martin Luther King, o caso de Malcolm X nunca foi devidamente examinado e os registos não foram divulgados ao público.
A morte de Malcolm X continua a ser uma das mais misteriosas dos Estados Unidos, visto que ainda não se sabe ao certo quem começou o crime e a sua razão. A série vai abordar todos esses pontos sem esquecer o que aconteceu antes da morte.
Este artigo foi escrito por Pedro Terrantez e foi originalmente publicado em Espalha Factos.