Reconhecer a Palestina não chega: é preciso agir! 

por Ricardo Costa,    24 Setembro, 2025
Reconhecer a Palestina não chega: é preciso agir! 
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Há imagens que nenhum de nós devia suportar ver. Crianças ensanguentadas, mães a chorar sobre corpos inertes, hospitais em ruínas, bairros transformados em pó. Gaza tornou-se o maior cemitério de inocentes do nosso tempo, e, finalmente, parte do Ocidente começa a acordar para esta tragédia.

Saúdo a decisão do governo português em reconhecer o Estado da Palestina. Foi um passo corajoso e tardio, mas necessário. Reconhecer é afirmar que um povo tem direito a existir. Reconhecer é dizer que não aceitamos a negação sistemática da dignidade de milhões de seres humanos. Mas reconhecer não chega.

Porque enquanto escrevo estas palavras, há aviões a sobrevoar Gaza, há mísseis a cair sobre escolas, há famílias inteiras apagadas em segundos. É inaceitável. A comunidade internacional não pode continuar a justificar o injustificável. Israel tem direito à segurança, sim. Mas esse direito nunca pode ser exercido à custa do extermínio de um povo. O que está a acontecer em Gaza não é “defesa”, é punição coletiva — e isso tem um nome: crime de guerra.

Mas não confundamos: condenar os crimes de Israel não significa fechar os olhos ao Hamas. O Hamas é uma fação terrorista que oprime o próprio povo palestiniano e cometeu atrocidades indescritíveis. Também eles têm de ser responsabilizados, também eles não podem ficar impunes. A justiça não pode ser seletiva.

A minha pergunta é simples: até quando vamos aceitar a morte de crianças como dano colateral? Até quando vamos assistir, indignados mas inertes, ao genocídio transmitido em direto? Até quando a Europa e os EUA vão medir a sua moral em função dos seus interesses estratégicos?

Reconhecer a Palestina é apenas o começo. O que o mundo exige — o que a nossa consciência exige — é ação: um cessar-fogo imediato, corredores humanitários, a responsabilização de criminosos de guerra, sejam eles generais, ministros ou líderes terroristas. Chega de silêncio cúmplice. Chega de relativizar a morte. Porque uma criança palestiniana e uma criança israelita têm exatamente o mesmo direito a viver em paz.

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