Rhye e antigas lições
Quando Woman foi lançado em 2013, primeiro e até agora único álbum dos Rhye, ensinou-nos que nem só as separações amorosas são capitalizáveis junto do público.
O duo constituído pelo cantor Mike Milosh e o produtor Robin Hanibal conseguiu manter o projecto sobre um véu de secretismo atípico num mundo cada vez mais conectado. O primeiro single, “Open”, que teve direito a um vídeo onde pouco mais do que uma silhueta é percebida a cantar num momento íntimo com a sua cara-metade, foi lançado de modo anónimo ainda antes de se saber quem fazia parte dos Rhye.
Foi em grande parte este o contributo do grupo à década de 10. O íntimo é exposto, continuando a parecer pessoal. As dez faixas de Woman são quase na sua totalidade apenas acompanhadas de batidas simples e de um baixo. A voz de Milosh tem grande parte do protagonismo, voz inicialmente confundida com uma voz feminina até as identidades do duo serem reveladas. “Open“, “The Fall“ e “3 Days“ passaram a ser faixas de conhecimento obrigatório.
Em Woman, Milosh não eleva a voz. Existe a glorificação da experiência romântica de modo sensual e não sexual, bem como tudo o que vem associado à experiência a dois. O duo conseguiu fazer o que se tem mostrado difícil — cativar o público com músicas que são sobre relações maioritariamente felizes e saudáveis. A tragédia comove e fascina de um modo que as histórias felizes não o fazem. Neste álbum, os Rhye cativam-nos com a felicidade.
O vídeo oficial de “Open“, disponível no youtube no canal do grupo, conta com cerca de 33 milhões de visualizações. Para um duo que decidiu não se mostrar plenamente na divulgação inicial do projecto, têm motivo para estar orgulhosos.
Os Rhye não são novos ao público português, estiveram presentes em 2013 no NOS Alive e num concerto surpresa no Lux em 2015, que esgotou. Estarão a 6 de Julho novamente no NOS Alive, onde se espera a apresentação de pelo menos parte do tão esperado segundo álbum, sem nunca esquecer o primeiro.