Rodrigo Amarante revela “I Can’t Wait” e diz não acreditar na definição de liberdade enquanto separação ou desconexão

por Comunidade Cultura e Arte,    17 Junho, 2021
Rodrigo Amarante revela “I Can’t Wait” e diz não acreditar na definição de liberdade enquanto separação ou desconexão
Rodrigo Amarante / DR
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Rodrigo Amarante edita o novo single, “I Can’t Wait’, do seu muito aguardado álbum Drama, com edição agendada para 16 de Julho pela editora Polyvinyl, que irá também reeditar o aclamado álbum de estreia “Cavalo” (2014), uma extraordinária colecção de canções intimistas, em que “cada instrumento respira e cada som se mistura, mas cada momento é distinto” (NPR Music). Portugal recebe, em 2022, os concertos de apresentação do novo álbum, nos dias 18 de Abril, na Casa da Música, no Porto e em Lisboa, a 19 de Abril, no Capitólio. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais.

Depois do primeiro single “Maré”Rodrigo Amarante revela “I Can’ t Wait”, uma canção que começa com o som melodioso das teclas de um Cravo e de uma guitarra orelhuda, abrindo depois espaço aos sintetizadores, enquanto Amarante divaga sobre esperança, liberdade e urgência. O vídeo, cujo guião foi escrito pelo próprio é cinemático e retrata uma manhã em que Rodrigo Amarante acorda, veste-se e sai para enviar uma carta.

“Escrevi esta canção porque Jesus é seguido por traidores”, diz Amarante. “Escrevi-a porque as ideias de Darwin servem o propósito de nos virar uns contra os outros, na medida em que não acredito na definição de liberdade enquanto separação ou desconexão, como o dicionário sugere, mas como o reconhecimento da nossa interdependência, porque a liberdade é pertencer. Escrevi esta canção porque ter esperança não é suficiente.”, revela Rodrigo Amarante em comunicado.

Os menos versados na obra de Rodrigo Amarante lembrar-se-ão de “Tuyo”, a música da série Narcos da Netflix. Ou do álbum Little Joy. Talvez fiquem surpreendidos com os seus créditos na autoria de canções de Gal Costa, Norah Jones e Gilberto Gil. É possível que o tenham visto a tocar ao vivo com o super grupo brasileiro de samba Orquestra Imperial. Mas é sobretudo provável que se lembrem dele na mítica banda carioca indie Los Hermanos. Já para os que acham que conhecem tudo sobre Rodrigo Amarante, “Drama” vai trocar-lhes as voltas.

Drama Tracklist:

01.Drama
02. Maré
03. Tango
04. Tara
05. Tanto
06. I Can’t Wait
07. Tao
08. SKy Beneath
09. Eu Com Você
10. Um Milhão
11. The End

Nascido no Rio de Janeiro em 1976, Rodrigo Amarante aponta dois incidentes no seu passado que tiveram repercussão directa nas suas composições: uma doença infantil que o fez (e faz) valorizar a beleza de uma segunda chance; e o momento em que o pai (com o seu consentimento relutante) lhe cortou os longos cabelos, numa tentativa de descarregar todo o drama e sensibilidade da sua jovem cabeça. “Vestir-se como forma de revelar, em vez de vestir-se discretamente, é esconder, isso é Drama”, diz. “Uma ferramenta. Fazendo cócegas na memória para a confissão, vendo através dos olhos de uma máscara. Espreitar no espelho que está desempenhando um papel. Isso não é algo que eu tenha seguido, mas uma realização póstuma, algo que me seguiu, como sempre acontece. Essas músicas foram os instrumentos para realizá-lo, não o contrário.”

“Drama” começou a tomar forma no final de 2018, com a banda de Rodrigo Amarante – “Lucky” Paul Taylor na bateria, o baixista Todd Dahlhoff, Andres Renteria na percussão e Amarante na guitarra. Ao longo do processo de composição e gravação em 2019, algumas músicas foram retiradas do fundo das gavetas e outras ideias surgiram. No início de 2020, com o álbum ainda por terminar, a pandemia obrigou Los Angeles a um lockdown e Rodrigo Amarante viu-se sozinho, aproveitando para adicionar overdubs e misturar as canções com Noah Georgeson, embora os dois nunca estivessem na mesma sala. Sem surpresa, o isolamento acabaria por ditar o som do álbum. “O bloqueio e a limitação produziram ótimas ideias. Comecei o álbum querendo focar no ritmo e na melodia, abandonar aquelas ricas progressões de acordes e modulações que herdei do Brasil e ser mais direto por um tempo. Enquanto escrevia, percebi que havia um gatilho para mim naquela tentativa, uma sombra do garoto de cabeça raspada que eu deveria ser, sugando-o. Em vez disso, abracei as complicações que herdei. ”

“Drama” termina com o piano e a voz de Amarante em “The End”. “Viver é cair” e perguntamo-nos: depois de todas as turbulências emocionais por que passou, será alguma mensagem de despedida? “Tudo vai bem”, responde Rodrigo Amarante. “Sussurrando. Você fica mais alto assim, as pessoas respondem melhor a um convite ”, e acrescenta: “Encarar o absurdo permanecendo gentil, estando aberto aos dons da confusão; é por isso que criamos essas ferramentas que são histórias e músicas, para nos ajudar a ver uns aos outros.”

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