Saúde Mental. As propostas dos partidos

por Henrique Prata Ribeiro,    28 Janeiro, 2022
Saúde Mental. As propostas dos partidos
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Das medidas para a Saúde Mental propostas pelos partidos que concorrem aos assentos parlamentares para formar governo, podemos concluir que houve partidos a focar-se mais nesta área do que outros e, dentro desses, uns que o fizeram de forma mais consistente. Analisando o hemiciclo da esquerda para a direita:

A CDU apresenta no seu programa algumas medidas relacionadas com Saúde Mental ao longo de várias fases de vida, centradas em suporte psicológico, mencionando de forma concreta uma necessidade de aumentar a dotação financeira para a Saúde Mental. O alinhamento que este partido vem tendo, faz-me pensar que este aumento de dotação será no sentido de permitir a realização do Programa Nacional para a Saúde Mental, que é um Programa actual a nível internacional e ajustado às necessidades do país. De resto, a concretização desse Programa encontra-se igualmente referida nos programas do BE, do PAN e do Livre, sendo que no programa do PS há várias referências à área da Saúde Mental e todas são enquadráveis dentro deste. Vários destes partidos mencionam outras necessidades para a área, de forma equilibrada, mas surpreende que a maioria das medidas do PAN mencionem a necessidade de contratação de psicólogos, parecendo esquecer todas as outras classes profissionais em falta para a abordagem multidisciplinar que é preconizada acutalmente: psiquiatras; enfermeiros especialistas em saúde mental; terapeutas ocupacionais; psicomotricistas. 

O PSD apenas menciona, en passant, a Saúde Mental. Refere que quer introduzir no SNS uma política de Saúde Mental, não se compreendendo se é a prevista, se é outra diferente desta, nem de que forma pretende estruturar essa política. O programa da IL menciona várias vezes a Saúde Mental, fala de prevenção, integração desta em todas as áreas da vivência das pessoas e combate ao estigma, mas peca em explanar de forma clara como pretende alcançar qualquer destes objectivos. O CDS fala numa rede de serviços de Saúde Mental, mas depois apenas menciona a vertente hospitalar e a linha SNS24, algo que parece insuficiente, quando sabemos que a Saúde Mental está altamente ligada com todos os sectores da sociedade, começando nas escolas, locais de trabalho e nas comunidades, avançando para os Cuidados de Saúde Primários e apenas numa fase posterior, para as doenças mais graves, para os cuidados hospitalares. O CH não faz qualquer menção à Saúde Mental.

No geral, ainda que a sociedade esteja a despertar para a necessidade de melhorar tanto na prevenção quanto na prestação de cuidados na área da Saúde Mental, ainda há partidos políticos, pelas propostas apresentadas, que não estão preparados para dar esse passo. Desilude não ver mais medidas ou medidas mais concretas, numa altura em que Portugal está prestes a receber 85 milhões de euros para investir nesta área. 

Este artigo foi originalmente publicado no Jornal i, tendo tido sido aqui publicado com a devida autorização do autor e do jornal.

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