Série documental sobre Camilo Castelo Branco estreia na RTP no bicentenário do escritor

por Lusa,    13 Junho, 2025
Série documental sobre Camilo Castelo Branco estreia na RTP no bicentenário do escritor
Camilo Castelo Branco / DR
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No ano em que se assinala o bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco, a televisão pública dedica uma série documental à vida e obra do maior escritor romântico português, que se estreia no sábado, na RTP3.

Dividida em 15 episódios, a série “1000 x Camilo” propõe um retrato abrangente do autor de “Amor de Perdição”, conhecido como um dos mais satíricos, realistas e inovadores escritores da literatura portuguesa, mas também da sua obra e legado, anunciou a RTP, em comunicado.

Começando pela sua biografia, a série percorre temas como a sua dimensão literária, o papel como polemista e satirista, a sua ligação ao Porto e o fascínio pela morte.

Em cada episódio, a série conta com intervenções de várias personalidades da cultura, literatura e outras áreas, como a ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima, o escritor Mário Cláudio, o médico e investigador Manuel Sobrinho Simões, o psiquiatra Júlio Machado Vaz, a atriz Rita Blanco, o poeta e crítico literário Pedro Mexia e o escritor Afonso Reis Cabral.

Nascido em Lisboa, em 1825, Camilo Castelo Branco foi um dos mais importantes e prolíficos escritores da literatura portuguesa do século XIX, sendo considerado a principal figura do Romantismo português, embora vários traços da sua escrita tenham também antecipado o Realismo.

A vida intensa de Camilo Castelo Branco, marcada por amores tumultuosos, polémicas públicas, doença e tragédia pessoal, reflete-se fortemente na sua obra.

Autor de mais de 260 obras, Camilo escreveu romances, contos, peças de teatro, ensaios, crónicas, críticas literárias e cartas, tendo-se destacado pela rapidez com que escrevia e pela enorme diversidade de estilos.

Os temas mais frequentemente tratados nos seus livros eram o amor, a paixão destrutiva, o adultério, a hipocrisia social, o anticlericalismo, o sofrimento humano e a morte.

Entre as suas obras principais, contam-se “Amor de Perdição” (1862), o seu romance mais célebre, uma tragédia amorosa inspirada na sua própria vida; “A Queda de um Anjo” (1866), uma sátira política e social; “Eusébio Macário” e “A Corja”, um díptico sobre exclusão social, destino trágico e a crítica ao meio em que as personagens vivem; “O Livro Negro do Padre Dinis”, “Mistérios de Lisboa” e “Novelas do Minho”, que exploram o Portugal rural, os vícios da sociedade e o clero.

Camilo misturava lirismo romântico, ironias mordazes, elementos realistas e até góticos, e a sua escrita era marcada por uma crítica social subtil, mas cortante, tendo tido grande influência na literatura portuguesa posterior, incluindo autores como Eça de Queirós, que, apesar das diferenças, o admirava.

Órfão desde cedo, Camilo estudou em seminários e teve uma vida boémia no Porto, viveu uma relação escandalosa com Ana Plácido, com quem foi preso na Cadeia da Relação do Porto.

Terminou a vida cego e profundamente deprimido, vindo a suicidar-se em 1890.

A casa onde Camilo viveu e morreu, em São Miguel de Seide, é atualmente um museu dedicado à sua vida e obra.

Este ano, celebra-se o bicentenário do seu nascimento, com várias iniciativas comemorativas, incluindo a série documental “1000 x Camilo” que se estreia no sábado pelas 18:35.

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