Sobre a sondagem TVI / CNN / Aximage
Os dados apresentados [nesta sondagem] são brutos, isto é, sem distribuição de indecisos. Se somarem as “intenções de voto” nos vários partidos o resultado não dá 100%. É uma evidência que não se pode comparar com resultados eleitorais (que não têm indecisos).
Um dos quadros mostra que a apenas 5% dos inquiridos não são atribuídas intenções de voto. Trata-se de um dado evidentemente incorreto. É impossível que, a esta distância das eleições, com uma situação política tão volúvel e sem se conhecer o candidato do maior partido, existam apenas 5% de indecisos. Percentagem tão baixa não existe nem a 24 horas das eleições.
Foi anunciado por várias vezes que o PS caía a pique. Não é verdade. O PS regista 26% das intenções de voto e na sondagem anterior da mesma organização (Outubro) registava 27%. É isto uma queda a pique?
Se a queda a pique se refere aos resultados das últimas eleições a observação é uma tontice. Porque, como disse, os dados excluem indecisos e nas eleições não. Seja como for, 8 dias após as eleições (ainda o governo não tinha tomado posse) e já o PS situava as suas intenções de voto na zona dos 30%.
Uma fatia enorme do eleitorado do PS é constituída por eleitores de oportunidade. Não são fãs e, por isso, não respondem a sondagens fora do período eleitoral. O eleitorado é uma figura da política que apenas existe no dia das eleições. No dia seguinte dissolve-se.
Finalmente, esta sondagem é assinada pela mesma empresa que “deu” o PSD e Rui Rio à frente do PS e António Costa a uns 10 dias das últimas eleições.
Não se deixem enganar. Saibam mais no livro “Como Mentem As Sondagens”.
Este texto foi originalmente publicado no X (ex-Twitter) de Luís Paixão Martins e, com a devida autorização do mesmo, foi aqui publicado.