Super Bock Super Rock: Porque é que os Deftones são tão especiais (em 2017)?
A banda de Sacramento conta com pouco mais de duas décadas de existência, nasceram no epicentro de um subgénero que decaiu muito nos últimos anos: o nu-metal. Os Deftones surgem numa fase pós-grunge, e consequentemente a ascensão de bandas como Korn ou Limp Bizkit. À semelhança da banda liderada por Chino Moreno, todas estas se mantém no activo, com grupos de seguidores bastante leal. É incontornável, estas bandas “modernizaram” um género e marcaram, pelo menos, duas gerações (90’s e 00’s). Mas, em 2017, o que é que torna os Deftones tão especiais?
Sete anos depois desde a última aparição em Portugal, os Deftones voltaram para o 23º Super Bock Super Rock. E lá marcavam presença os sempre fiéis admiradores, para demonstrar que o tempo passou mas a banda não caiu no esquecimento. Estamparam nestas gerações um certo simbolismo da adolescência rebelde. E quantos de nós, durante essa mesma fase, não se fechou no quarto durante tardes e noites a ouvi-los? Porque a “Change (In The House Of Flies)” fez tanto sentido nessa altura. Porque a “Be Quiet and Drive (Far Away)” transportava-nos mesmo para longe. Quando começámos a questionar-nos acerca de tudo. Muitas vezes, as respostas a essas questões encontravam-se nas letras de Chino Moreno. Quando ele entrava de skate por uma escola dentro, no videoclip da “Back To School”. Todo esse simbolismo da irreverência marcou uma ou duas gerações, tendo em conta os trabalhos já dentro do novo milénio como White Pony ou Around The Fur.
“Back To School”, “Change (In The House Of Flies)”, “Digital Bath”, “Bored”, “Headup”, “My Own Summer (Shove It)”, “Knife Prty”, “Diamond Eyes” e “Rocket Skates” estiveram entre os pontos altos do concerto. Principalmente, quando um fã se abraçou – visivelmente comovido – a Chino Moreno. O forte abraço (durante largos segundos) foi dado enquanto Moreno berrava por “Guns! Razors! Knives!”, empoleirado na linha da frente.
Este concerto marcou o reencontro dos fãs nacionais com a banda, carregou-se de nostalgia, para comemorar o passado. Contudo, demonstrando que o presente também se vive dos Deftones. Chino Moreno até já pode ter entrado nos quarentas, mas a intensidade esteve sempre em altas durante uma hora e dez minutos. Com a sua voz potente e camaleónica, arrepiante quando canta ou capaz de rebentar com um pavilhão sempre que berra. As guitarras distorcidas de Stephen Carpenter abalroaram as paredes humanas da plateia, ritmadas por um jogo de luzes absolutamente frenético. No final, “Engine No. 9” engoliu a MEO Arena, que se envolveu num moshpit gigante.
Para a eternidade, ficará o abraço daquele fã, como símbolo de – pelo menos – duas gerações que sempre se identificaram com a banda. Um gesto representativo de todos os fãs presentes, como forma de agradecimento pelos anos em que nos deram respostas e andaram ao nosso lado. Mas também, um obrigado por recordarem connosco, com a mesma intensidade de sempre.