Teatro D. Maria II quer continuar digressão pelo país após “Odisseia Nacional”
O diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Pedro Penim, considerou hoje que, após a atual digressão pelo país, no âmbito do projeto “Odisseia Nacional”, torna-se obrigatório dar continuidade à iniciativa para “pluralizar” as suas atividades.
“Chegámos a um ponto onde sabemos já que não podemos dar um passo atrás e dizer que, quando o edifício [do teatro] reabrir, a ‘Odisseia Nacional’ deixa de fazer sentido. Pelo contrário, ela transformou-se numa obrigatoriedade”, afirmou.
Pedro Penim falava aos jornalistas na sessão de apresentação da programação da última etapa do projeto “Odisseia Nacional”, no Alentejo e no Algarve, realizada numa sala do Teatro Garcia de Resende, em Évora.
Assinalando que “faz parte da missão pública do Teatro Nacional ter um desígnio nacional”, o diretor artístico defendeu que tem que se “conseguir encontrar uma reforma estrutural” que permita ao D. Maria II continuar a digressão pelo país.
A concretizar-se, “se calhar, não pode ter esta envergadura, porque é impossível, mesmo em termos de estrutura, manter tudo o que fizemos este ano, mas há muitas lições a tirar e territórios a visitar novamente e outros a acrescentar à lista”, realçou.
Segundo Pedro Penim, a digressão da “Odisseia Nacional” tem levado as iniciativas do D. Maria II “a municípios onde nunca tinha estado” e permitido “pluralizar as atividades”, com um programa vasto que não inclui apenas espetáculos de teatro.
“Desejo que a ‘Odisseia Nacional’, quer seja com este nome, quer seja com esta direção artística, quer seja com este conselho de administração, possa ter deixado uma semente estrutural de alteração dessa ideia do desígnio nacional do Teatro Nacional D. Maria II, que não passa de uma obrigação”, insistiu.
Com o seu edifício em obras, o Teatro Nacional D. Maria II já levou o projeto “Odisseia Nacional” ao norte, centro, Açores e Madeira e, agora, é a vez do sul do país, com uma programação em 24 concelhos do Alentejo e do Algarve, até dezembro.
Barrancos, Beja, Borba, Campo Maior, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Évora, Grândola, Mértola, Montemor-o-Novo, Ourique, Ponte de Sor, Portalegre, Portel, Reguengos de Monsaraz, Serpa e Sines são os concelhos alentejanos que recebem a iniciativa.
Já no Algarve a “Odisseia Nacional” passa por Faro, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão e Tavira.
Para estas duas regiões, estão previstos nove espetáculos, quatro deles em estreia nacional, 11 projetos de participação desenvolvidos com as comunidades de 16 concelhos, espetáculos para escolas, laboratórios teatrais e um programa de formação gratuita destinado a artistas e a profissionais da cultura.
“A Farsa de Inês Pereira”, com encenação de Pedro Penim, a partir de Gil Vicente, estreia-se na sexta-feira, em Évora, enquanto “Batalha”, de João de Brito, da companhia algarvia LAMA Teatro, a partir de um texto original de Sandro William Junqueira, tem estreia marcada para 03 de novembro, em Faro.
Para o dia 24 de novembro, em Montemor-o-Novo (Évora), está marcada a estreia de uma criação da estrutura artística Bestiário e da atriz e ativista Maria Gil, intitulada “Homo Sacer”, que, depois, segue em digressão pelo Alentejo, até ao final do ano.
No dia 15 de dezembro, Loulé recebe a estreia nacional de “La vie invisible”, um espetáculo da encenadora francesa Lorraine de Sagazan, com texto de Guillaume Poix, escrito a partir de testemunhos de pessoas cegas e deficientes visuais.
Esta programação inclui ainda a apresentação de outros espetáculos e criações, o evento “Cenários Futuros”, que decorrerá em Loulé a 15 e 16 de dezembro, e o lançamento de livros.
A exposição “Quem és tu? – Um teatro nacional a olhar para o país”, que está patente em Évora, seguindo, depois, para Sines (de 28 de outubro a 18 de novembro) e Faro (de 24 de novembro a 16 de dezembro), também faz parte do programa.
A conclusão da “Odisseia Nacional” está prevista para o primeiro trimestre de 2024, ainda com iniciativas em diferentes zonas do país.