“The Forever Prisoner” estreia este mês. Documentário retrata a política de tortura da CIA
Um filme do cineasta Alex Gibney, que venceu o Óscar de melhor filme com “Taxi to the Dark Side”, em 2007. Este novo documentário é uma visão de como a política de tortura da América começou com a CIA a manter Abu Zubaydah em cativeiro.
O documentário da HBO, “The Forever Prisoner”, do aclamado realizador Alex Gibney (“The Crime of the Century”, “Agents of Chaos”, “The Inventor: Out for Blood in Silicon Valley”, da HBO) conta a história de Abu Zubaydah, o primeiro detido submetido ao programa da CIA de Técnicas Aprimoradas de Interrogação (EITs), posteriormente identificado como tortura por pessoas externas à agência. Sem nunca ter sido acusado de um crime ou ter-lhe sido permitido contestar a sua detenção, Abu Zubaydah continua preso na Baía de Guantánamo, em violação direta dos próprios ideais de justiça e do processo legal da América.
Vinte anos depois, “The Forever Prisoner” revela as origens das operações clandestinas que conduziram os Estados Unidos, na “War on Terror”, a um caminho de crueldade, engano e auto deceção. Com novas revelações e um nível de detalhe possibilitado por vários processos iniciados por Gibney e o produtor Ray Bonner contra a CIA, relatos de primeira mão cativantes dos dois primeiros interrogadores a questionar Abu Zubaydah, os agentes do FBI, Ali Soufan e Stephen Gaudin, e uma entrevista chocante com o contratante da CIA, James Mitchell, que ajudou a desenvolver as Técnicas Aprimoradas de Interrogação, este documentário revela as práticas pouco eficazes e enganosas que o governo dos Estados Unidos seguiu para agilizar e legalizar as Técnicas Aprimoradas de Interrogação após o 11 de setembro. Como resultado, a tortura como política governamental foi autorizada pelos Estados Unidos pela primeira vez na história.
Com o novo testemunho revelador de Ali Soufan — devido ao processo de Gibney que forçou a CIA a cancelar a composição do livro de Ali Soufan, “The Black Banners: How Torture Derailed the War on Terror after 9/11”, e ao acesso ao seu livro inédito de notas de interrogatório nunca antes visto sobre o seu tempo com Abu Zubaydah — “The Forever Prisoner” detalha como o cidadão palestino, que foi incorretamente caracterizado como um agente da Al-Qaeda de alto nível (na verdade, ele era um facilitador independente), foi submetido a horríveis torturas nas mãos da CIA, incluindo a tortura do afogamento simulado por 83 vezes em apenas um mês. O documentário inclui imagens nunca antes vistas do tratamento brutal delineado pelo próprio Abu Zubaydah, bem como registos poderosos dos seus diários pessoais antes e depois de ser capturado.
Imediatamente após a sua captura num tiroteio no Paquistão, Abu Zubaydah cedeu voluntariamente informações vitais — incluindo detalhes sobre conspirações iminentes e a identidade de Khalid Shaikh Mohammed – em interrogatórios tradicionais feitos por Soufan e Gaudin. Apesar dessa cooperação, a CIA insistiu em recorrer a técnicas brutais. A agência enganou o Departamento de Justiça sobre Zubaydah de forma a obter a aprovação legal para o afogamento e outras técnicas. Apesar das súplicas queixosas de Zubaydah de que estava a contar aos interrogadores tudo o que sabia e apesar das evidências em vídeo da tortura (fornecidas à CIA numa fita intitulada “best-of”), o ex-diretor da CIA, George Tenet, e o ex-diretor do Centro Contraterrorismo da CIA, José Rodriguez, com o apoio do Departamento de Justiça e dos advogados da CIA, encorajou a continuação dos interrogatórios.
“The Forever Prisoner” revela fascinantes relatos em primeira mão de vários intervenientes importantes de alto nível, incluindo o ex-agente do FBI e especialista em antiterrorismo, Ali Soufan, o ex-agente do FBI, Stephen Gaudin, o psicólogo que ajudou a desenvolver as Técnicas Aprimoradas de Interrogação, Dr. James Elmer Mitchell, o ex-conselheiro geral interino da CIA, John Rizzo, o irmão de Abu Zubaydah, Hesham Abu Zubaidah, o advogado de Abu Zubaydah, Joseph Margulies, o advogado militar de Abu Zubaydah, o tenente-coronel Chantell Higgins, o coronel Steven Kleinman, o ex-chefe do Estado-Maior de Colin Powell, Lawrence Wilkerson, o ex-Conselheiro Geral da Marinha, Alberto J. Mora e o investigador-chefe do Relatório de Tortura, Daniel Jones.
Dando continuidade ao seu trabalho para descobrir abusos institucionais de poder ao mais alto nível, temas que explorou em filmes como “Agents of Chaos” da HBO e o seu filme vencedor do Oscar®, “Taxi to the Dark Side”, entre outros, Gibney revela detalhes chocantes sobre operações secretas realizadas em nome da segurança nacional. De acordo com o que foi visto em recentes deliberações do Supremo Tribunal, Abu Zubaydah permanece preso na Baía de Guantánamo sem recurso a julgamento, sem esperança de libertação e sem voz, levando “The Forever Prisoner” a levantar questões relevantes e provocativas: Abu Zubaydah está em Guantánamo devido ao que fez ou ao que lhe foi feito? À sombra dos ataques à democracia americana, os Estados Unidos abandonaram os próprios princípios pelos quais afirmam estar a lutar?
A HBO Documentary Films apresenta uma produção da Jigsaw, “The Forever Prisoner”, que foi realizada por Alex Gibney, produzida por Alex Gibney, Ray Bonner, Cathy Scott-Clark e Erin Edeiken, co-produzida por Tess Ranahan, com produção executiva de Adrian Levy, Stacey Offman e Richard Perello e edição de Alexis Johnson. Para a HBO a produtora sénior foi Tina Nguyen e os produtores executivos Nancy Abraham e Lisa Heller.
Este documentário estreia dia 7 de dezembro na HBO Portugal.