“The Punisher”: uma segunda temporada pouco cativante

por João Fernandes,    11 Fevereiro, 2019
“The Punisher”: uma segunda temporada pouco cativante
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A parceria entre a Marvel e a Netflix parece estar a chegar ao fim. Ainda não existe confirmação oficial, mas tudo leva a crer que esta temporada será a última de The Punisher, a não ser que o novo serviço de streaming da Disney (Disney +) volte a pegar na série, algo que parece difícil devido ao tipo do conteúdo bastante violento. A Netflix cancelou Iron Fist, Luke Cage e mais surpreendentemente Daredevil, uma das séries com mais sucesso da Netflix tanto em visualizações como pelos críticos. Dito isto, provavelmente The Punisher não vai ser uma exceção.

Iniciamos a segunda temporada com Castle a tentar viver uma nova vida usando o nome Peter Castiglione. Ele viaja sem rumo pelos Estados Unidos, parando eventualmente num bar ao longo da estrada para ouvir música acabando até por sair com uma mulher. É um dos raros momentos em que Castle parece feliz, mas tendo ainda muita dificuldade em falar sobre a sua família. Isto dura pouco porque Frank tem uma tempestade interior, uma depressão que toma conta dele e novamente (como a primeira temporada) é puxado para um quotidiano violento, ao impedir um grupo de agressores de sequestrar uma miúda.

Assim, após uma luta num bar, Punisher está de volta. Só precisava de um pretexto para voltar a fazer aquilo que fazia, porque, na verdade, e de uma forma perturbadora, ele gosta daquilo que faz.

Na primeira temporada, arranjaram um par que resultou muito bem com o Frank e esta temporada conseguiram fazer de novo, com a “miúda resgatada”, Amy (interpretada por Giorgia Whigham). Uma amizade improvável que rapidamente se desenvolve numa relação de mentor e aprendiz que combina momentos de humor, com momentos intensos e assustadores devido ao desequilíbrio emocional do protagonista. Este relacionamento, infelizmente, acaba por se tornar, por vezes, irritante e aborrecido devido à falta de importância da sua narrativa.

Isto leva-nos para o maior problema desta temporada, a existência de duas histórias paralelas que não se completam e que acabam por se prejudicar uma à outra. Numa, vemos Frank a proteger Amy de uma conspiração que envolve um grupo de mercenários que a querem matar, comandados por John Pilgrim (interpretado por Josh Stewart), uma espécie de padre pistoleiro. Na outra, acompanhamos a recuperação de Billy Russo (interpretado por Ben Barnes), que não se consegue lembrar do que lhe aconteceu.

Nos primeiros três episódios ficamos completamente envolvidos no arco da Amy contra Pilgrim, mas os episódios seguintes focam-se na história de Billy e só perto do final da temporada Pilgrim volta a ter alguma importância, ou seja, durante a maior parte dos episódios quase nos esquecemos que Pilgrim existe. Outro problema que pode ter sido afetado por esta necessidade de contar duas histórias ao mesmo tempo, são as motivações deste vilão, que demoram muito tempo a ser reveladas, depois são nos dadas como vagas e confusas.

Depois temos a história do Billy que tinha tanto potencial para ser algo memorável, mas toma rumos questionáveis e forçados. A última vez que vimos Billy foi num carrossel com o rosto completamente destruído pelo Frank. Na segunda temporada encontramo-lo atormentado, a frequentar terapia e com um rosto coberto por uma máscara de plástico. Após criarem um bom suspense e tensão finalmente mostram a cara dele, que é uma desilusão. A perspetiva que era encontrar a cara toda desfeita como a banda desenhada, mas só encontramos umas cicatrizes bem ligeiras e pouco acentuadas. O seu arco é uma desilusão como o seu rosto, grande parte é passado em sessões de terapia com o objetivo de mostrar que a personagem está desequilibrada emocionalmente, porém, começa a tornar-se extremamente fatigante. Ainda consegue ter uma história interessante parecida com os “comics” onde ele é um gangster/hitman, mas infelizmente, é posta de parte por um forçado relacionamento romântico, que pouco sentido faz em relação à natureza da personagem que no passado, metia a sua ganância em primeiro lugar.

Nem tudo é mau. O maior destaque fica, sem dúvida, para Jon Bernthal como Frank Castle. Só se pode elogiar. Ele é dono do papel, seja em momentos dramáticos, seja em momentos de ação. Dá tudo em cada cena que aparece. É realmente uma pena porque tens o anti-herói certo, mas tens a aventura errada.

Quanto às sequências de ação são de louvar mais uma vez. Não são tão boas como as da primeira temporada, mas continuam a ser intensas e violentas, onde se destacam os episódios “Roadhouse Blues” e “Trouble the Water”.

Por fim, esta segunda temporada fica marcada por duas histórias paralelas pouco cativantes, que pouco enriquecem a personagem e o Universo onde esta vive. Por outro lado, seria lamentável que a história de Frank Castle acabasse por aqui, principalmente depois de vermos aquele último momento no último episódio.

Crítica de João Fernandes

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