Theatro Circo em Braga acolhe estreia de peça sobre vida de atrizes portuguesas

por Lusa,    30 Abril, 2025
Theatro Circo em Braga acolhe estreia de peça sobre vida de atrizes portuguesas
Actriz desconhecida / Foto Guedes

O Theatro Circo, em Braga, acolhe, na sexta-feira, a estreia absoluta da peça “Hei de reparar”, um espetáculo de teatro criado e dirigido por Raquel S., com interpretação de Maria Jorge, foi hoje anunciado.

Em comunicado, a empresa municipal Faz Cultura refere que a estreia daquela peça se insere na celebração dos 110 anos do Theatro Circo e constitui o terceiro momento do Supracasa, programa de apoio à criação artística da Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura.

Acrescenta que a peça se apresenta como “uma viagem sensível, crítica e profundamente teatral pelas vidas, reais e imaginadas, de atrizes portuguesas dos séculos XIX e XX”.

Trata-se de um monólogo “que se multiplica em vozes, memórias e corpos”.

Há só atriz em cena, mas a peça convoca centenas de vidas de atrizes esquecidas, divas imortalizadas, mulheres que ousaram fazer do palco um lugar de afirmação e resistência.

A partir de uma “extensa” investigação, que cruza documentos, biografias, fotografias, memórias e rumores, o espetáculo constrói uma ‘história falsa’ das atrizes em Portugal, numa ficção que serve para pensar a realidade do teatro português, ontem e hoje.

“Comecei a interessar-me por estas figuras quando percebi que, por trás dos tiques, dos exageros e das lendas, havia mulheres que conquistaram o seu lugar à força. Muitas fundaram companhias, dirigiram teatros, exigiram ser ouvidas. Outras desapareceram na sombra. Este espetáculo é também sobre elas”, refere Raquel S., dramaturga, encenadora e diretora artística da peça.

O espetáculo convoca o excesso como matéria poética e o humor como forma de rever o passado com distância crítica.

A imagem da “grande atriz” é desconstruída e reinscrita numa história que mistura o riso e a ferida, a pompa e a precariedade, o aplauso e o silêncio.

Ao lado de Raquel S., a equipa artística conta com Pedro Azevedo na cenografia e figurinos, Odete na criação sonora, Rui Monteiro no desenho de luz, e Inês Maia na direção de produção.

A comunicação visual é assinada por Nuno Matos, e inspira-se nas fotografias de atrizes do início do século XX, imagens que o espetáculo recria e reinterpreta.

“’Hei de reparar’ não é apenas um espetáculo sobre o passado. É uma tentativa de entender o que resta dessas mulheres no presente do teatro. Uma pergunta sobre como se constrói uma memória coletiva e quem fica, tantas vezes, fora dela”, frisa o comunicado.

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