Theatro Circo estreia “Se desta janela, debruçando-me”, a partir de “O marinheiro” de Fernando Pessoa
Nos dias 22 e 23 de setembro, estreia o espetáculo “Se desta janela, debruçando-me” — uma coprodução entre o Theatro Circo e a Instável — Centro Coreográfico —, com criação e dispositivo cénico de Paulo Brandão, a partir do texto de Fernando Pessoa, “O marinheiro”, com interpretação de Carminda Soares, Maria R. Soares e Francisca Sarmento.
“O marinheiro” é uma peça de teatro escrita em 1913, considerada como uma obra do modernismo, centrada na reflexão em vez da ação, contendo também traços simbolistas, visto esta possuir um caráter filosófico e misterioso, colocando em questão a própria realidade. Fernando Pessoa, como crítico de teatro na revista Teatro, tinha como objetivo “destruir” o teatro tradicional, e sob esse pretexto, escreve “O marinheiro”, peça que viria a ser publicada na revista Orpheu, em 1915.
Este é um texto que é a representação de um teatro sem ação, cuja energia está toda concentrada no que é dito por três veladoras num quarto circular. Nele há uma donzela morta. As três sonham um marinheiro. Após a leitura desta obra, será “O marinheiro” uma armadilha montada por Fernando Pessoa, que prende três mulheres num castelo (uma ilha?) e nunca as chega a libertar? Queira-se ou não, “O Marinheiro” é um beco sem saída. Que sentido fará hoje descolonizar um texto tão estático? Será que Fernando Pessoa pensava na condição da mulher (portuguesa) ao escrevê-lo?
Todas estas e quaisquer outras questões levantadas pelo espetador em “Se desta janela, debruçando-me” poderão ser respondidas — ou mantidas em mistério sepulcral — no Theatro Circo, em Braga, entre os dias 22 e 23 de setembro, pelas 21h30.
Bilhetes disponíveis na bilheteira do Theatro Circo e locais habituais.