Trégua”: o regresso da viola d’arco ao vanguardismo, pelo violetista José Valente e a Orquestra Filarmónica Gafanhense

por Comunidade Cultura e Arte,    3 Dezembro, 2019
Trégua”: o regresso da viola d’arco ao vanguardismo, pelo violetista José Valente e a Orquestra Filarmónica Gafanhense
Fotografia de Leandra Morais
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A Fábrica das Ideias (em Ílhavo) acolheu a pré-apresentação do novo trabalho do virtuoso violetista José Valente. A obra para viola d’arco, “Trégua”, fez-se ouvir no passado dia 24 de Novembro, com o acompanhamento da Orquestra Filarmónica Gafanhense e sob a direção de Henrique Portovedo.

A conceção artística que Valente nos desvenda em cada obra é um conjunto de dividendos musicais, em que a dimensão espaço-tempo dá lugar à efervescência emocional, reativa ao estímulo sónico, onde poesia e literatura se intrometem na altercação entre o clássico e o vanguardismo. A conceção deste novo trabalho conjunto com a Orquestra Filarmónica Gafanhense altera profundamente o contexto e objetivos da viola d’arco, tornando-se esta numa viagem disruptiva, esquecendo os limites da música erudita.

Fotografia de Leandra Morais

Não há memória da fusão das realidades inerentes à viola d’arco e a uma orquestra de instrumentos de sopro.
A pré-escuta ao vivo de “Trégua” revelou o peso da narrativa, homónima e biográfica de Primo Levi, que conta a viagem do escritor, de volta à cidade natal, depois deste ser libertado do campo de concentração nazi, em Auschwitz. A aventura aborda a resiliência e perseverança perante os traumas, a precariedade e os horrores do encarceramento. Contudo, o escritor relata inúmeras peripécias divertidas e situações otimistas, demonstrativas de um profundo altruísmo. Enfim, o desejo de viver e de continuar a caminhar.

Fotografia de Leandra Morais

Entre o desalento, a resiliência e o humanismo do livro, José Valente encontrou uma base para consolidar uma execução estética que se traduz na composição que entrará em estúdio, em breve.

A gravação e edição de “Trégua” faz com que os caminhos de Valente e Orquestra Filarmónica Gafanhense voltem a coincidir, depois das atuações em nome próprio na última edição do festival Bons Sons.
Esta nova obra encerrará, assim, uma trilogia iniciada com “Os Pássaros Estão Estragados” e, secundada por “Serpente Infinita”. O lançamento está previsto para o primeiro semestre de 2021.

Artigo escrito por Luís Grilo

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