Três projetos portugueses são finalistas dos prémios Novo Bauhaus Europeu 2024
Três projetos portugueses, dois em Lisboa e um de Montalegre, são finalistas dos prémios Novo Bauhaus Europeu 2024, cuja cerimónia de entrega dos prémios está marcada para hoje, às 17:00, em Bruxelas.
Em causa estão a recriação do ciclo da lã em Barroso, no concelho de Montalegre (distrito de Vila Real), o projeto de design biointegrado Urban_MYCOskin, que propõe usar a decomposição para criar uma ‘bioparagem’ de elétrico no Martim Moniz, em Lisboa, e a Hydroscape Lisbon, uma proposta de um parque urbano de 14 quilómetros na zona atualmente ocupada pelo porto de Lisboa.
Os galardões Novo Bauhaus Europeu visam distinguir projetos ambientais, económicos e culturais que combinem sustentabilidade, acessibilidade de preços e investimento, para enquadrar a transição climática e a mudança cultural, como propõe o Pacto Ecológico Europeu, tendo este ano sido selecionados XX finalistas.
Relativamente aos finalistas portugueses, a recriação do ciclo da lã em Barroso é o único português na secção “Campeões”, na categoria “Recuperar o Sentimento de Pertença”.
Já os dois projetos referentes a Lisboa estão na secção Estrelas Ascendentes, inserindo-se o Urban_MYCOskin na categoria Moldar um Ecossistema Industrial Circular e Apoiar a Reflexão Sobre o Ciclo de Vida, e o Hydroscape Lisbon na categoria “Reconectando-se com a Natureza”.
A recriação do ciclo da lã em Barroso, em Montalegre, está integrado atualmente no projeto Cabril Eco Rural, e é dinamizado por Paula Oliveira, uma gestora cultural de 47 anos que hoje em dia se considera “pastora, agricultora, guia turística, costureira, tecedeira, fiadeira”.
“Todo este saber, todo este ciclo da lã que era, há 30 ou 40 anos, parte do dia-a-dia da comunidade, deixou de ser. Então eu fiz a recolha destes processos para partilhar como experiência de turismo criativo”, explicou à Lusa.
Paula Oliveira andou “de aldeia em aldeia, de território em território, a falar com pessoas mais velhas, a aprender com elas, a perguntar, a executar, a pedir-lhes que demonstrassem como realmente se fazia”, um saber “que não estava nos livros e de que seriam as pessoas o património principal”.
O projeto Urban_MYCOSkin propõe utilizar micélio, organismo que decompõe matéria orgânica, para construir uma paragem de elétrico sustentável no Martim Moniz, em Lisboa, aumentando a resiliência da praça ao clima.
O micélio “é capaz de decompor esses resíduos e criar um material sustentável para a arquitetura”, numa lógica de reaproveitamento de resíduos e de economia circular, explicou uma das criadoras do projeto, Rita Morais, à Lusa.
Ao longo do processo de decomposição, o organismo “vai criando uma rede e depois consegue criar algo como se fosse uma cola de material orgânico”, sólida, bem como painéis que depois podem ser utilizados em mobiliário urbano, como paragens.
Já o Hydroscale Lisbon é uma proposta académica de Ioulia Vulgari para um parque urbano de 14 quilómetros na zona atualmente ocupada pelo porto de Lisboa, incluindo uma estação de tratamento de águas e um banho público.
“O desenho de arquitetura explora os fenómenos aquáticos locais, concebendo-os como uma máquina natural de fluxos. Uma parte foca-se nos sistema aquático e outra na face urbana de Lisboa”, refere a descrição.
A proposta segue uma abordagem de “recolher – tratar – fruir” a água do vale, que é recolhida, tratada através de tratamento mecânico e de zonas húmidas, e usada pelo banho público e pelo sistema de irrigação do parque, criando “um novo espaço verde público, reclamando o porto e o rio Tejo”.
“O parque urbano também promove a mobilidade sustentável, uma rede ciclável, transporte público e espaços caminháveis atrativos”, refere.
Em 2023, o projeto educativo Native Scientists, que leva cientistas às comunidades emigrantes e tem sede em Braga, foi o único dos seis finalistas portugueses a ser galardoado com os prémios Novo Bauhaus Europeu.
A Lusa viajou a convite da Comissão Europeia.