Trump quer substituir a diretora dos Arquivos Nacionais, após acusação na justiça contra o Presidente eleito

por Lusa,    7 Janeiro, 2025
Trump quer substituir a diretora dos Arquivos Nacionais, após acusação na justiça contra o Presidente eleito
Donald Trump / Fotografia de Gage Skidmore (Fotografia via Wikimedia Commons)

O Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, pretende substituir a diretora dos Arquivos Nacionais, colocando esta agência de novo sob os holofotes políticos, depois de o alegado uso indevido de documentos confidenciais lhe ter merecido uma acusação na justiça.

“Teremos um novo arquivista”, anunciou segunda-feira Trump numa entrevista radiofónica, a poucos dias do seu regresso à Casa Branca, agendado para 20 de janeiro.

Esta agência foi visada por Trump quando alertou o Departamento de Justiça para possíveis problemas com o uso de documentos confidenciais pelo ex-Presidente dos Estados Unidos no início de 2022.

Em resultado desta ação, foi desencadeada uma investigação que levou a uma busca do FBI à casa do político republicano em Mar-a-Lago, em Palm Beach, no estado da Florida, e que culminou com a primeira acusação por crimes federais contra um antigo presidente dos Estados Unidos.

A atual arquivista, Colleen Shogan, a primeira mulher neste cargo, não estava em funções naquela altura, tendo sucedido a David Ferriero, nomeado pelo ex-Presidente democrata Barack Obama em 2009 e que anunciou em janeiro de 2022 que se iria reformar três meses mais tarde.

Colleen Shogan foi nomeada pelo atual Presidente, Joe Biden, em agosto de 2022, poucos dias antes da busca do FBI em Mar-a-Lago, mas só foi confirmada em maio do ano seguinte, após uma batalha partidária que durou meses sobre o papel da agência na investigação dos documentos.

O arquivista nacional pode ser substituído pelo Presidente norte-americano, mas a escolha do seu sucessor tem de ser confirmada pelo Senado, onde os republicanos alcançaram maioria nas últimas eleições, realizadas em novembro.

Na sua campanha para as presidenciais, Trump prometeu destruir aquilo a que chama “Deep State”, um termo nebuloso que se refere genericamente ao Governo federal, incluindo funcionários públicos e burocratas, que o Presidente eleito considera hostis às suas opiniões ideológicas e às dos republicanos em geral.

Os presidentes são legalmente obrigados a fornecer a maior parte dos seus registos aos Arquivos Nacionais assim que deixam o cargo.

Quando os Arquivos Nacionais perceberam que alguns documentos estavam em falta na sua coleção depois de Trump ter deixado a Casa Branca, em 2021, fizeram-lhe repetidas exigências para que os devolvesse, de acordo com a acusação federal.

O líder republicano acabou por entregar alguns dos documentos, mas escondeu outros, segundo a acusação, dirigida pelo procurador especial Jack Smith, e que incluía retenção intencional de informações de defesa nacional, conspiração para obstruir a justiça e declarações e representações falsas.
Donald Trump declarou-se inocente e negou qualquer irregularidade.

Os procuradores decidiram abandonar o caso após a sua vitória nas eleições presidenciais, em 05 de novembro passado.

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