Um fenómeno chamado Imogen Poots
Talvez seja por não ser um enorme sex symbol (sim, infelizmente ainda vivemos neste tipo de sociedade), por nunca ter contracenado em nenhum filme super famoso ou por ter um ar de maria rapaz que não encaixa em nenhum estilo particular (ao contrário de Greta Gerwig), mas a verdade é que Imogen Poots não é um dos primeiros nomes falados quando queremos referir grandes actrizes recentes de Hollywood.
Contudo, a jovem actriz nascida em Londres é, sem dúvida, uma das actrizes mais multifacetadas que o cinema actual tem para mostrar, muito graças à sua enorme capacidade de interpretar diferentes personalidades e personagens com backgrounds distintos. É óbvio que, naturalmente, encaixa melhor em papéis de maria-rapaz, mas isso não a tem impedido de brilhar noutros papéis distintos.
Embora apareça no grande ecrã desde 2005, quando se estreou no filme “V for Vendetta”, Imogen só obteve mais reconhecimento quando participou em “Need for Speed”. A partir daí, começou a colecionar papéis principais em diversos filmes famosos e a trabalhar com realizadores de renome, mas sem nunca criar verdadeiramente um nome para si própria, algo estranho para quem, aos 30 anos, já trabalhou com Terrence Malick, Cary Joji Fukunaga, Jeremy Saulnier e Cameron Crowe.
Entre os seus papéis mais carismáticos, há que referir, em primeiro lugar, Kelly Ann, da série “Roadies”, de Cameron Crowe. Crowe é especialista em criar personagens que nos são próximas, momentos com que nos identificamos e que funcionam quase de forma nostálgica para o espectador, e o trabalho que o realizador e argumentista aqui faz em Roadies não é diferente. Imogen Poots encaixa na perfeição no tipo de personagem feminino que Crowe gosta de construir e aproveita esse momento para brilhar. Kelly Ann é a “amiga” que todos nós sempre quisemos ter (ou quase todos), sendo despreocupada, cool, inteligente, criativa, mas bastante atenta e disponível. Kelly Ann é também sensível, mas guarda essa sensibilidade para si própria, prejudicando-se em prol de outros.
Caso contrário é o de Amber em “Green Room” e Anna em “The Art of Self-Defense”, duas mulheres com forte personalidade, ambas em situações bastante complicadas. Se Amber enfrenta um perigo actual ao qual tem que reagir no momento, Anna enfrenta um perigo a longo prazo, que a afecta desde o passado até ao seu futuro. Ambas são fortes, corajosas e conseguem confrontar os seus inimigos/fantasmas. Imogen Poots demonstra, nestes dois papéis, a sua capacidade multifacetada para encarnar personagens mais duras. Poots nunca foi a típica princesa frágil, mas nestes dois papéis é onde faz de durona. séria. Em “I Kill Giants”, Imogen regressa aos dramas (depois de Knight of Cups e Jane Eyre) e tem, mais uma vez, que mostrar a sua força.
Em quase todos os papéis a actriz representa personagens femininos fortes, mas sensíveis, corajosos, mas amorosos. Há uma série de condições e elementos humanos que dão força ao universo feminino no cinema graças aos papéis que Imogen Poots personifica. Além do grande trabalho de realizadores e argumentistas, isto tem que ser também mérito da própria actriz, que consegue encaixar em qualquer papel e, mais do que apenas representá-lo, consegue dar-lhe alma, algo que só as grandes actrizes são capazes.