Vasco Completo estreia-se com o disco “Wormhole”

por Comunidade Cultura e Arte,    18 Abril, 2021
Vasco Completo estreia-se com o disco “Wormhole”
Vasco Completo / DR
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Para alguns artistas, isso é uma missão para a vida inteira; no caso do Vasco, essa é a única maneira de se fazer música: a visão parte sempre de um ângulo ultra-pessoal, exclusivamente seu, onde cada elemento se interliga para criar uma impressão digital que não dá para copiar.

“Wormhole”, o seu álbum de estreia, é a contemplação dessa complexa arquitectura emocional que faz dele a pessoa e o músico que é. Isto é electrónica que deve tanto a Burial ou Jon Hopkins como a Bonobo ou Croatian Amor, camadas de retalhos de sintetizadores, guitarras, drums e samples vocais que não se sobrecarregam; é mais uma questão de envolvência e de harmonia. E, por isso mesmo, nada parece estar a mais mesmo quando o caos chega a primeiro plano. “Everything in its right place”, como cantava Thom Yorke.

A sequenciação das faixas entrelaça as noções do tempo [“Forever”, “Déjà-Vu (Interlude)” e “35mm”], do espaço [“Purple Garden”], do espaço-tempo [“Wormhole”] e do espírito [“Lullaby for the Inebriate” e “Trauma”], brincando com a própria ideia de onde é que deve estar o quê. Devemos ouvir tudo seguido? Existirá uma ordem diferente? Ou não existe uma ordem sequer? Será que só fará sentido ouvir este disco a bordo de uma nave espacial? Perguntas que trarão certamente ainda mais questões para a mesa. As respostas ficam para a ciência; isto aqui é poesia.

Para grandes emoções, um conceito gigantesco e, até agora, meramente especulativo (ao contrário da carga emocional que estes sete temas carregam). Não houve atalhos para o Vasco chegar aqui desta forma, nem haverá caminhos curtos para se ouvir “Wormhole”: tudo o que está lá dentro importa; e é da matéria instrumental mais profundamente tocante que lhe saiu do pêlo. Nesta ou noutra dimensão qualquer.

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