‘Venom’: como a previsibilidade estraga um filme
“Venom” é o novo filme de Ruben Fleischer, protagonizado por Tom Hardy, Michelle Williams e Riz Ahmed. O filme segue a história de Eddie Brock, um jornalista que investiga o misterioso trabalho de um cientista, suspeito de utilizar cobaias humanas em experimentos mortais. No momento em que Eddie entra em contacto com um “symbiote” alienígena, este torna-se em Venom, uma incontrolável máquina de matar.
Quando a Sony anunciou o filme, muitas eram as dúvidas e as preocupações. Um filme fora do Universo de sucesso da Marvel sobre o icónico arqui-inimigo do “Spider-Man” – mas sem Spider-Man – que posteriormente iria resultar num conjunto de filmes de vilões deste mesmo. Mas depois lá revelaram que iria ser um filme “R-Rated”, ou seja, para maiores de 16 ou 18 anos com elementos de terror (que acabou por não acontecer), confirmaram o ator Tom Hardy como “Venom” e as coisas pareciam ir num bom caminho.
Quanto a Tom Hardy como Eddie Brock/Venom admiração: é uma das piores interpretações de Tom Hardy que há memória, principalmente no primeiro ato do filme onde contracena na maior parte do tempo com Michelle Williams, outra atriz de calibre que também tem uma interpretação muito pobre, mas que em muito se deve à qualidade do diálogo. A menor das preocupações era mesmo o elenco pelo que é uma surpresa ver dois atores de muitíssima qualidade, juntos, a não terem nenhum tipo de química. Porém, Tom Hardy melhora quando o Eddie Brock é possuído pelo “symbiote”. As interações do ator britânico com Venom são a melhor parte do filme. Pouco mais de positivo se pode dizer. A Sony, desta vez, acertou no “design” da personagem Venom, ao contrário do terceiro filme da trilogia do “Spider-Man” de Sam Raimi.
As motivações das personagens não têm qualquer profundidade e mudam rapidamente sem qualquer motivo ou causa, como, por exemplo, quando Venom, num momento do filme, quer prosseguir com o seu plano de matar humanidade e de um momento para o outro muda de ideias porque encontra algo em comum com o seu hospedeiro, que supostamente é um falhado como ele.
O filme também consegue ser incrivelmente previsível, sendo muito fácil adivinhar o que vai acontecer por estar cheio de clichés. Riz Ahmed, como Carlton Drake, mais uma vez apesar da qualidade do ator, deixa muito a desejar. É o habitual jovem milionário que faz lembrar um pouco Elon Musk, com umas ameaças banais e com os típicos discursos de vilão na visão.
Outra falha no filme é categorização escolhida de PG-13. Com esta classificação “Venom” perde imenso. Falta sangue, falta violência e falta impacto no espectador. Com a classificação R-Rated podia-se explorar numa forma mais macabra e depressiva a mentalidade de Eddie Brock quando este está a ser possuído pelo parasita. Em vez disso, somos recompensados com uma comédia escusada.
Outro ponto importante neste tipo de filmes é a ação e como o resto do filme é decepcionante, ou são perseguições aborrecidas a fugir de drones, ou são lutas de CGI pobres com a câmara a tremer em todo o lado, de noite, sendo realmente difícil perceber o que está a acontecer.
Em resumo, “Venom” é um filme extremamente previsível e genérico com alguns momentos de ação medíocre e tentativas falhadas de piadas. Algumas pessoas ao ler isto poderão pensar que se trata de perspectivas um pouco altas para este género de filmes, mas a verdade é que o mesmo tem vindo a evoluir ao longo dos anos, seja com a trilogia do “Batman” de Christopher Nolan, ou com filmes como Watchmen ou Logan.
Crítica de João Fernandes