Vigília performativa do “Julgamento Pelicot” acontece no Panteão Nacional a 11 de Outubro. Entrada é livre
Das 18h00 às 22h30, no dia 11 de Outubro. Com entrada livre.
Na sua missão de reimaginar um futuro mais equilibrado através do “Camino Irreal” proposto entre Lisboa e Madrid, a BoCA permanece firme ao desenhar um espaço de resistência através da criação artística.
Prova dessa demanda é O Julgamento Pelicot – Tributo a Gisèle Pelicot, do prestigiado encenador suíço Milo Rau, em colaboração com a dramaturga e activista francesa Servane Dècle, que no próximo sábado, 11 de Outubro, com início às 18h00, ocupa o imponente Panteão Nacional.

A partir do caso real de violência sexual que ao longo de uma década envolveu Gisèle Pelicot e que chocou a França e o mundo, a apresentação do espectáculo em Lisboa traduz-se numa vigília performativa de quatro horas e meia. Depois da estreia no Festival de Viena (Wiener Festwochen) e da passagem pelo Festival d’Avignon – dois dos principais festivais europeus –, este tribunal expandido reconstrói o julgamento com base em centenas de testemunhos, provas, entrevistas, análises forenses, registos visuais, colagens e textos académicos.
Agora em Portugal, numa adaptação para o Panteão Nacional, no contexto da BoCA Bienal 2025, terá a participação de um conjunto de intérpretes locais que integram vários quadrantes, da arte ao jornalismo, passando pelo palco e pela advocacia. Um elenco de luxo, com as actrizes Cláudia Semedo e Cristina Carvalhal a conduzir a peça e com leituras a cargo de Albano Jerónimo (actor), Alice Neto de Sousa (autora), Ana Bustorff (actriz), André Tecedeiro (poeta e dramaturgo), Bernardo Mendonça (jornalista), Gaya de Medeiros (bailarina e coreógrafa), Gisela Casimiro (escritora, artista e activista), Isabel Ruth (actriz), João Mota (encenador), Joãozinho da Costa (actor, encenador e artista), Leonor Caldeira (advogada), Luca Argel (músico), Maria Fera (activista), Maria João Luís (actriz), Mariana Monteiro (actriz), Paulo Pires do Vale (coordenador do Plano Nacional das Artes), Pedro Marques Lopes (comentador, colunista e gestor), Raquel André (artista e coleccionadora), Rui Maria Pêgo (actor e apresentador), Sandra Rosado (bailarina), Teresa Gafeira (actriz e encenadora) e Valdemar Brito (actorr).
Gisèle Pelicot tornou-se um símbolo na luta para o fim da violência contra as mulheres. Com coragem e determinação, tomou a decisão de tornar público o seu julgamento contra os homens, de todas as idades e origens sociais, que cometeram um crime desumano contra ela, numa pequena cidade no sul de França. Fez de Pelicot o nome de uma heroína.
Num cenário emblemático como o do Panteão Nacional, Milo Rau e Servane Dècle criam um espaço de escuta, memória, justiça e resistência. E mais do que reconstituir os factos, O Julgamento Pelicot procura devolver a dignidade da voz a quem foi silenciado. Enquanto testemunha, o público atravessa a geografia emocional e política que revela o cenário do trauma.
Este projecto reforça a função pública da arte: fazer ver, fazer sentir e, acima de tudo, fazer lembrar.

