Vinte filmes que queremos ver em 2022

por Comunidade Cultura e Arte,    14 Janeiro, 2022
Vinte filmes que queremos ver em 2022
“Killers of the Flower Moon”, filme de Martin Scorsese
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Boa parte dos críticos de cinema da Comunidade Cultura e Arte decidiram reunir-se e eleger aqueles que são para si os filmes mais antecipados de 2022. Cada um escolheu 5 filmes, sem repetir escolhas, de forma a que o leitor tenha uma lista mais abrangente, não descurando o nosso gosto pessoal. Nesse sentido, evitámos também repetir filmes mencionados na publicação equivalente que fizemos no ano transacto mas que não chegaram a ter estreia comercial em 2021, tais como The Northman, de Robert Eggers ou Memoria, de Apichatpong Weerasethakul. Estes são os filmes escolhidos por cada um de nós:

As escolhas de Bruno Victorino:

1 – Dark Glasses, de Dario Argento

Dario Argento é um nome incontornável quando falamos do género cinematográfico de terror. Autor de clássicos absolutos como Suspiria (1977), Opera (1987) ou Deep Red (1975), a verdade é que as várias longas metragens que lançou no século XXI foram bastante menos consensuais. No entanto, a recente disseminação do movimento elevated horror é um momento perfeito para que o mestre italiano mostre como se faz. Contando com Asia Argento (filha do realizador) no elenco, Dark Glasses acompanha uma prostituta que procura vingança depois de ter ficado cega por ação de um serial killer, auspiciando-se um regresso em grande forma de Argento ao giallo

2 – Armageddon Time, de James Gray

Ad Astra (2019), o último filme de James Gray, que o levou dos subúrbios de Nova York até ao espaço sideral, provou que este é um ambiente onde se sente perfeitamente à vontade. Apesar do título poder indiciar o contrário, Armageddon Time marca o regresso do cineasta norte-americano a Queens, local onde nasceu. Tendo como pano de fundo a América pré Ronald Reagan, o filme é baseado na infância do realizador e será com certeza uma continuação da exploração do tema família, tão caro a Gray. 

3 – Showing Up, de Kelly Reichardt

Depois de First Cow (2019), um dos grandes filmes norte-americanos dos últimos anos, a realizadora Kelly Reichardt está de volta com Showing Up, que conta com a presença da sua habitual musa Michelle Williams. Descrito como uma comédia incisiva e vibrante, o novo filme de Reichardt é um retrato de uma artista em vias de apresentar uma exposição que poderá mudar a sua vida, onde o caos da sua existência é convertido em inspiração para a produção de arte de elevado calibre.

4 –  Introduction / In Front of Your Face, de Hong Sang-soo

No final de 2019 e início de 2020 a Cinemateca Portuguesa dedicou uma retrospectiva integral das obras do cineasta sul-coreano. Em 2021 a Midas Filmes aproveitou a estreia de The Woman Who Ran (2020), para exibir comercialmente mais 3 filmes antigos de Hong Sang-soo. No entanto, aquela que aparentava ser uma aposta no realizador, esmoreceu em 2021, sendo que nenhum dos seus dois filmes lançados no ano transato, estreou comercialmente em Portugal. Introduction  e In Front of Your Face perpetuam as preocupações de Sang-soo com as variações e acasos narrativos e são, sem sombra de dúvida, mais duas valiosas adições à vasta e incontornável obra cinematográfica do cineasta, que esperamos ter a oportunidade de ver em sala.

5 – O Sorriso de Afonso, de João Pedro Rodrigues

Depois do sucesso de O Ornitólogo (2016), João Pedro Rodrigues volta a reunir-se com João Rui Guerra da Mata num projeto produzido pela Terratreme. Pouco se sabe até agora sobre o filme, mas é razoável afirmar que entrará em conversação com a curta-metragem O Corpo de Afonso (2012), onde, cinematograficamente, o cineasta português procurou responder à questão: qual poderia ser a aparência do corpo de D. Afonso Henriques? Esperemos que seja um regresso em grande forma daquele que é um dos mais interessantes realizadores nacionais.

As escolhas de João Miguel Fernandes:

1 – Broker, de Hirokazu Kore-eda

O realizador japonês é um dos nomes mais aclamados do cinema contemporâneo, tendo conquistado inúmeros prémios internacionais. Após a sua primeira obra fora do Japão, e das menos bem sucedidas, Kore-eda continuará “sem regressar” ao Japão, sendo que para este novo filme vai viajar até à Coreia do Sul e realizar um drama familiar, tema que tão bem conhece. A profundidade dramática e emocional que Kore-eda apresenta nos seus personagens, aliado à popularidade e talento dos atores sul-coreanos, pode oferecer-nos novamente uma obra prima do mestre japonês.

2 – Master Gardener, de Paul Schrader

Apesar de só ter visto o seu primeiro filme com 18 anos (por culpa dos seus pais), Paul Schrader domina a arte do cinema como poucos cineastas, deixando a sua marca em cada filme que escreve ou realiza. First Reformed (2017) e The Card Counter (2021), os seus dois filmes mais recentes, foram extremamente bem recebidos pelo público e pela crítica. Este Master Gardener segue a mesma identidade dos filmes anteriores, com um protagonista com um passado conturbado e vários conflitos por resolver, prometendo um clima de grande tensão. Protagonizado por Joel Edgerton e Sigourney Weaver, Master Gardener é uma das estreias mais esperadas de 2022.

3 – Crimes of the Future, de David Cronenberg

Oito anos após a estreia do seu último filme, Maps to the Stars (2014), David Cronenberg está de volta. O pai do “horror sexual” apresenta Crimes of the Future, um filme que parece englobar elementos sci fi de Existenz (1999), questões sociais de Naked Lunch (1991) e um cast de luxo (Léa Seydoux, Kristen Stewart e Viggo Mortensen). Descrito como um filme de terror sci-fi onde a humanidade está a aprender a adaptar-se a um novo universo sintético, Cronenberg vai certamente voltar a chocar e a criar uma obra com uma identidade única, como a que está presente em todos os seus filmes.

4 – Neck, de Takeshi Kitano

Anunciado como o último filme de Takeshi Kitano, Neck é uma adaptação de uma das suas obras literárias, inspirado em Seven Samurai (1954), de Akira Kurosawa. Kitano é um dos cineastas japoneses mais importantes da década de 90 e inícios de 2000, graças aos seus filmes de gangsters (Boiling Point (1990), Sonatine (1993)) e dramas poderosos (Hana-Bi (1997), Kids Return (1996), Kikujiro (1999), Dolls (2002), Zatoichi (2003)). Embora os seus filmes mais recentes não tenham a mesma qualidade de outros do seu repertório, Kitano é uma verdadeira estrela e como tal irá certamente fechar a sua carreira em grande com este filme de época.

5 – Suzume no Tojimari, de Makoto Shinkai

Makoto Shinkai é considerado pela crítica o novo Hayao Miyazaki, embora o seu estilo de desenho e narrativa seja bastante diferente do co-fundador dos estúdios Ghibli. No panorama internacional não existe na atualidade um nome maior do cinema de animação japonesa. O seu filme de 2016 Your Name atingiu uma enorme popularidade nos Estados Unidos e Europa, tendo faturado cerca de 358 milhões de dólares por todo o mundo. Só para se ter noção desta dimensão, ultrapassou Spirited Away (2001), o oscarizado filme de Miyazaki. Suzume no Tojimari estreia em 2022 no Japão, o que significa que provavelmente só iremos conseguir vê-lo na Europa algures em 2023, mas tendo em conta a sua popularidade pode ser que estas datas mudem.

As escolhas de David Bernardino:

1 – Disappointment Blvd, de Ari Aster

Não sabemos ainda muito sobre o novo filme do autor de dois dos melhores filmes de terror contemporâneos: Hereditary (2018) e Misommar (2019). Aquilo que sabemos é que será protagonizado por Joaquin Phoenix e que será uma comédia de terror em jeito de pesadelo intimista acerca da vida de um empreendedor de sucesso ao longo de várias décadas, o que é reminiscente de Citizen Kane (1941). Teremos assim algum distanciamento face à trip alucinogénica que foi Midsommar e ao folk urbano de Hereditary, o que só pode ser positivo. Tudo o que podemos dizer é que Ari Aster está a colocar a fasquia muito, muito alta e arrisca-se a ser bem sucedido. 

2 – The Banshees of Inisherin, de Martin McDonagh

McDonagh já tinha realizado o filme de culto In Bruges (2008) quando foi aclamado em 2017 por Three Billboards Outside Ebbing, Missouri. No seu novo filme a dupla Colin Farrell e Brendan Gleeson está de volta interpretando dois amigos de longa data numa ilha remota irlandesa que se deparam com uma crise na sua amizade quando um deles decide que já não quer ser amigo do outro. Espera-se um drama pejado de comédia negra e temas profundos que certamente irá fazer as delícias dos fãs da obra do realizador.

3 – The Whale, de Darren Aronofsky

Por muito polarizador que seja, não se pode dizer que Aronofsky alguma vez tenha realizado um mau filme algures entre os transgressivos Requiem for a Dream (2000) ou mother! (2017), o mainstream de Noah (2014) ou a catarse de Black Swan (2010), The Whale é um título provocatório para a história de um professor recatado que sofre de obesidade e se vê perante a oportunidade de reconectar com a sua filha adolescente que vive afastada. O protagonista é um Brendan Fraser fisicamente transformado que terá aqui a oportunidade de ouro de se reinventar e relançar a sua carreira, já tendo de resto sido chamado para um papel em Killers of the Flower Moon, o novo de Scorsese.

4 – Blonde, de Andrew Dominik

O tão aguardado regresso de Andrew Dominik à realização não documental depois de dois filmes que se tornaram de culto: The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford (2007) e Killing Them Softly (2012). Blonde promete um retrato íntimo ficcionado da vida de Marilyn Monroe. Vindo de Dominik não se espera o típico biopic, mas uma visão intimista sobre a trágica vida e morte da atriz que abanou a cultura pop, expondo fragilidades e emoções sem preconceito. O filme é produzido pela Netflix que adiou o lançamento após, alegadamente, ter ficado chocada por algum do seu conteúdo, nomeadamente sexual. Veremos o que acontece ao produto final e se Dominik nos irá trazer a melhor versão da sua visão.

5 – 3000 Years of Longing, de George Miller

O filme que marca o regresso tão esperado do realizador de Mad Max foi descrito pelo próprio como o “anti Mad Max”. Neste épico de romance, Tilda Swinton interpreta uma estudiosa solitária que encontra um génio, Idris Elba, que lhe realizará 3 desejos que ela própria terá dificuldade em fazer. Segundo George Miller, o filme terá muito mais diálogo do que ação e será algo nunca antes feito pelo próprio. O filme terá um orçamento de 60 milhões pelo que certamente não será algo minimalista. A curiosidade está aguçada em relação ao que a visão e criatividade de Miller poderão fazer.

As escolhas de Pedro Barriga:

1 – White Noise, de Noah Baumbach

Baumbach seguirá o seu fantástico Marriage Story (2019) com a adaptação do romance White Noise da autoria de Don DeLillo. O filme será de novo produzido pela Netflix e protagonizado por Adam Driver, desta feita no papel de um académico e pai de família cuja cidade é vítima de um derrame de resíduos químicos. Greta Gerwig, companheira do realizador, interpretará a mulher de Driver.

2 – Killers of the Flower Moon, de Martin Scorsese

Prestes a completar 80 anos, Scorsese não pára. Três anos depois de The Irishman (2019) na Netflix, o realizador salta agora para a Apple TV. Com um colossal orçamento de 200 milhões de dólares, Scorsese traz-nos um western protagonizado por Leonardo DiCaprio, Robert De Niro e Jesse Plemons. O filme contará a história verídica de uma investigação do FBI ao assassinato de indígenas norte-americanos nos anos 20.

3 – The Killer, de David Fincher

Depois do comedido filme de época Mank (2020), Fincher regressa ao universo do crime. Michael Fassbender será o protagonista da adaptação de Le Tueur, livro francês de banda desenhada que acompanha a vida de um assassino profissional. O projeto será financiado pela Netflix e para já pouco mais se sabe.

4 – Nope, de Jordan Peele

Uma nuvem ameaçadora paira sobre uma cidade iluminada. É assim o poster de Nope, o novo filme do autor de Get Out (2017) e Us (2019). O elenco conta com o recém oscarizado Daniel Kaluuya e ainda com Keke Palmer e Steven Yeun. Esta será a primeira parceria entre Peele e Hoyte van Hoytema, o aclamado diretor de fotografia de filmes como Interstellar (2014), Dunkirk (2017), Ad Astra (2019) e Tenet (2021). Data de estreia: Julho de 2022.

5 – Babylon, de Damien Chazelle

Brad Pitt, Margot Robbie, Olivia Wilde, Tobey Maguire. Estes são apenas alguns dos nomes que integram o novo filme de Chazelle, realizador de Whiplash (2013), La La Land (2016) e do subvalorizado First Man (2018). Babylon recriará a época de transição do cinema mudo para o cinema sonoro – o que imediatamente nos faz lembrar do clássico Singin’ in the Rain (1952). Data de estreia: Dezembro de 2022.

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