Xullaji leva a resistência de Prétu ao gnration em Braga

por Comunidade Cultura e Arte,    27 Maio, 2024
Xullaji leva a resistência de Prétu ao gnration em Braga
Fotografia de Artur Monteiro (©iam_rthur)
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Figura incontornável do hip hop lusófono, Xullaji é Prétu. Mais do que um novo pseudónimo, Prétu dá voz ao manifesto pan-africanista de Nuno Santos, que chega ao gnration no próximo sábado, 1 de junho.

Um dos trabalhos mais importantes de 2023, destacado como um dos discos do ano para o Público, Rimas e Batidas e Expresso/Blitz, “Prétu 1 – Xei di Kor” é o ponto de partida do novo projeto artístico de Xullaji. Aplaudido pelo lirismo afiado e interventivo, o trabalho de Nuno Santos sempre foi assumidamente político. Como Chullage exprimia através da escrita e do rap o que era ser um jovem negro, filho de pais cabo- verdianos de um bairro da periferia de Lisboa; expressava “o que era viver na Margem Sul vindo de um outro país, trabalhar nas obras, nas fábricas, nas limpezas”, contou em entrevista ao Setenta e Quatro em setembro passado.

Prétu é um “afronauta” que navega as origens e estéticas africanas juntando-as às influências da música eletrónica e à arte visual para expressar o pensamento sobre descolonização, desigualdades e o contexto político de África e da sua diáspora. Ao longo deste projeto, encontramos samples da música de intervenção dos PALOP, coisas que Xullaji foi descobrindo em discos que comprava ou roubava aos tios e que ia acumulando na música que fazia, ao início, só para ele. Ouvimos Os Tubarões, Bonga, Tcheka, Vadú, David Zé e Princezito. Ouvimos Amílcar Cabral. E à música africana, ao batuku e quilapanga, juntam-se sonoridades como dub e hip hop, numa abundância afro-futurista em que se fala de pan-africanismo, descolonização e amor.

Figura basilar do hip hop em língua portuguesa, como Chullage lançou a trilogia composta por “Rapresálias” (2001), “Rapensar” (2004) e “Rapressão” (2012), três dos trabalhos mais relevantes do rap nacional com clássicos como “Rhyme Shit Que Abala”, “National Ghettographik”, “Ignorância XL” ou “Já Não Dá”. Ao trabalho a solo juntam-se ainda as colaborações com nomes como Dino D’Santiago, Mundo Segundo, Plutónio, Kappa Jotta e A garota Não, e letras para Stereossauro e JULINHO KSD. Recentemente, Xullaji tem também abraçado o projeto “PREC – Poesia Revolucionária em Curso”, que conta com três canções, duas delas – “Surto” e “Açaime” – lançadas em abril. O trabalho de Nuno estende-se ainda à composição e desenho de som para teatro.

Os bilhetes para o espetáculo podem ser adquiridos em https://gnration.bol.pt, balcão gnration e locais habituais.

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