#18 Essenciais do Cinema – The Great Dictator (1940)
Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma nova rubrica da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.
The Great Dictator (1940)
Realizador: Charlie Chaplin
Protagonizado por: Charlie Chaplin, Paulette Goddard e Jack Oakie
Dizer que The Great Dictator é uma grande comédia é um eufemismo, na verdade qualquer dos adjectivos grandiosos que possam ser mencionados podem não caracterizar a importância e a qualidade de um dos filmes mais importantes e mais influentes de todos os tempos. O filme apresenta-nos o mundo tresloucado de Adenoid Hynkel, Benzino Napaloni, Garbitsch e Herring, em todo o seu esplendor de ridiculez e de loucura, apresentando cada um dos pontos mais tristes, mesquinhos e ridículos do regime e ideologia nazis. A obra-prima é, garantidamente, a melhor e mais acertada sátira na história do cinema. Em termos leigos, o filme “goza” a bel-prazer com o ditador mais sanguinário do século XX, bem como o seu conjunto de parasitas e súbditos.
O filme retrata um barbeiro judeu que era um soldado na Primeira Guerra Mundial e que perde a memória durante 20 anos. Após ter alta do hospital militar, ele depara-se com uma Tomainia totalmente modificada, comandada e regida por um ditador autocrático e sanguinário que quer, a todo o custo, demonstrar o seu poder. À semelhança do que aconteceu na realidade, a história tem como condutor principal os fetiches odiosos do ditador, tais como o ódio aos judeus e a todas as raças, a magnificação da raça ariana, as conquistas e o desejo de comandar o mundo e, finalmente, as rivalidades com o seu grande rival, Benito Mussolini (no filme, Benzino Napaloni). O barbeiro é o protagonista da história, antes de ser barbeiro, ele é um soldado da Primeira Guerra Mundial, não muito corajoso e pouco ciente das disputas geopolíticas. Nessa guerra, ele é salvo por Schultz, um habitante da Tomainia idealista e crente no sistema política, mais tarde ele tornar-se-á no Comandante Schultz, membro importante do regime, mas que ao longo do filme se torna num opositor feroz de Adenoid Hynkel, muito devido à loucura do ditador e à amizade que nutre pelo simples e simpático barbeiro.
O filme está cheio de momentos humorísticos e cenas clássicas que marcaram o cinema, muitos são já reconhecidos e podem ser vistos no trailer abaixo. É um filme estranhamente contemporânea, muito devido à descrição de um regime autocrático, mas também extremamente satírico e cómico, sendo na minha opinião um dos melhores filmes de comédia de todos os tempos. De notar que é um filme lançado em 1940, no início da Segunda Guerra Mundial, numa altura em que os EUA ainda não faziam parte da guerra. No entanto, o momento mais marcante e tocante do filme acontece no final do filme, com o discurso do barbeiro disfarçado de Hynkel. A coragem, audácia e a frontalidade de Charlie Chaplin transportadas para o próprio personagem perfazem, de facto, aquele que é o momento mais significativo do filme, com um discurso de atenção, motivação e humanismo que emociona qualquer espectador. É, obviamente, um clássico do cinema e um Essencial do Cinema.