#20 Essenciais do Cinema – M (1931)
Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma nova rubrica da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.
M – Eine Stadt sucht einen Moerder (1931)
Realizador: Fritz Lang
Protagonizado por: Peter Lorre, Ellen Windmann e Inge Landgut
Este é um filme que deixei propositadamente para a posição 20 da nossa lista de Essenciais do Cinema, visto definir uma quantidade de artigos desta secção que tem por objectivo promover os melhores filmes de sempre e aqueles que qualquer fã de bom cinema deve ver. “M” é o meu filme preferido, o facto de o ter deixado para esta posição demonstra o simbolismo do número e, acima de tudo, o longo caminho que esta secção ainda tem de percorrer. Após uma longa procura por um homicida e violador de crianças, o povo de uma cidade alemã cansa-se da incompetência da polícia e decide fazer justiça pelas próprias mãos, iniciando a sua própria investigação.
É o meu filme preferido desde a primeira vez que o vi e continua a ser, desde que o vi pela segunda vez, há uns anos. Apanhou a indústria de surpresa, com um conjunto de temáticas que, ainda hoje, são tabu e quase proibidas no grande ecrã. O filme aborda as temáticas da pedofilia, homicídio e sequestro infantil tornando-se, desde o seu lançamento, numa das relíquias cinematográficas mais polémicas de sempre. É, ainda hoje, vista de lado por muitos conhecedores e apreciadores de cinema, devido à sua insurgência e apoio à justiça social, feita pelas próprias mãos contra um assassino, pedófilo e raptor que parece ao longo do filme ser uma vítima de uma sociedade doentia, que se conforta com a revolução e o ataque civil a um criminoso já de si extremamente doente.
Apesar da polémica “M” é um dos filmes mais influentes de todos os tempos e um dos obrigatórios do cinema mundial. Não podia ser realizado por outro realizador que não Fritz Lang, o realizador mais inovador da história do cinema que não teve receio de carimbar o seu nome numa obra que, de início, se tornou muito controversa. O filme estuda a raiz humana, sem deixar de protestar contra os males da sociedade; mais do que um filme, este Essencial é um estudo de caso sobre os problemas contemporâneos, fortemente caracterizado por excelentes desempenhos e um argumento magnífico, com emoção até ao fim, sem nunca esquecer que o drama era peça fundamental de qualquer obra alemã, numa década que estava ainda no início.