#3 Essenciais do Cinema – O Pai Tirano (1941)
Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma nova rubrica da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.
O Pai Tirano (1941)
Realizador: António Lopes Ribeiro
Protagonizado por: Vasco Santana, Francisco Ribeiro e Leonor Maia
É um dos grandes lançamentos da época de ouro do cinema português, “O Pai Tirano” combina o melhor que o cinema nacional tinha, à época, com muita inocência, romance e humor de primeira qualidade. Vasco Santana e Ribeirinho têm desempenhos que se tornaram lendários nas carreiras dos actores, mas igualmente na história do cinema português. Pessoalmente, é o melhor filme português de todos os tempos, inclusive uma das melhores comédias que alguma vez assisti, tendo em conta um panorama mundial. “O Pai Tirano” marcou e marca, ainda hoje, uma das eras mais marcantes na história do cinema europeu, solidificando a importância de Vasco Santana para o desenvolvimento do cinema nacional, e marcando um início fulgurante na carreira do incrível Ribeirinho.
Ribeirinho interpreta Chico Mega, um jovem sonhador, tímido e franzino que se apaixona pelo amor da sua vida, a Tatão, interpretada por Leonor Maia. Chico Mega é um apaixonado pelo teatro, ensaiando naquele momento uma peça de teatro no grupo amador, o ‘Grandelinhas’. O tímido e franzino trabalhador de uma sapataria faz de filho de um verdadeiro pai tirano, interpretado por José Santana (Vasco Santana). O sonho de se juntar ao amor da sua vida parece isso mesmo… um sonho. No entanto, tudo muda quando o seu encenador, chefe e líder do grupo de teatro José Santana, ensaia juntamente com Chico uma parte da peça intitulada “O Pai Tirano”. A partir desse momento, tudo parece tornar-se num sonho virado realidade que leva a um conjunto de peripécias e situações, potencialmente, embaraçosas para determinar a autenticidade do amor de Tatão. Pelo meio um vasto leque de situações cómicas preenchem e completam um filme verdadeiramente cómico, que dá inveja a qualquer filme lançado numa indústria de renome internacional.
O filme não tem partes ou cenas paradas. Sim, pode conter algum dos trejeitos comuns aos filmes portugueses da época, invocando a cultura portuguesa do início até ao fim, algo que ainda lhe fornece um maior grau de qualidade. “O Pai Tirano” é uma verdadeira obra-prima. É um dos poucos filmes que considero perfeitos e um dos filmes mais simbólicos de todos os tempos. É evidentemente um Essencial do Cinema.