#8 Essenciais do Cinema – Ladri di biciclette (1948)
Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma nova rubrica da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.
Ladri di biciclette (1948)
Realizador: Vittorio di Sica
Protagonizado por: Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola e Lianella Carell
É maior lançamento de De Sica. É o melhor filme italiano, antes dos anos 80 e um dos melhores de sempre. Consegue mostrar a Itália do pós-guerra e os esforços necessários que o povo tinha que fazer, de forma a sobreviver. A interpretação é magnífica e, juntamente, com o sentimentalismo apegado ao argumento, “Ladri di Biciclette” torna-se num dos melhores filmes realistas de todos os tempos. De Sica volta a usar uma criança para um dos papéis principais e juntamente com a personagem do seu Pai formam uma mistura de gerações que luta pela sobrevivência. O adulto pode representar a antiguidade que luta para comer um pedaço de pão no final do dia, numa Itália injusta e destruída, e a criança pode simbolizar a esperança e o futuro, principalmente representada pela influência que o filho tem no Pai, aquando do seu acto desesperado.
O filme contém um elevado grau de humanidade e a relação de Pai-filho eleva-o para um nível sentimental bastante forte e pouco usual. Após esperar muito tempo e de muito procurar, um homem pobre consegue arranjar trabalho a colar cartazes. A bicicleta é pré-requisito obrigatório para poder fazer esse trabalho. Apesar de não ter nenhuma, ele diz que tem e para a conseguir vende alguns cobertores, prática comum em Itália no pós-guerra para muitas famílias poderem comer. Após algumas horas de trabalho a sua bicicleta é roubada, iniciando uma longa procura com o seu filho pelo trivial mas importante meio de transporte. Até hoje, o filme tem ainda um dos mais tristes finais da história do Cinema, mas que apesar de difícil de visualizar, é ainda digno e compreensível.