Bons Sons 2018: alguns dos concertos que queremos viver na aldeia
O festival Bons Sons, na aldeia de Cem Soldos, Tomar, é já um festival de referência no panorama português. Com um incrível entrosamento com a população local, ano após ano as ruas de Cem Soldos enchem-se de festivaleiros sedentos de música portuguesa, onde são recebidos pelas pessoas que ali vivem, durante todo o ano. O frenesim não é de todo injustificado, os grandes nomes da música contemporânea portuguesa são uma presença constante neste festival ribatejano, no qual poderemos assistir igualmente a actuações de grupos de música popular e de artistas portugueses que começam a fazer História. Além de tudo isto, é também um festival que pensa nas famílias, com diversas actividades durante o dia.
Deixamos algumas sugestões dos grandes nomes que estarão no festival, mas a experiência será composta por todos, numa aldeia que carinhosamente será a nossa durante 4 dias.
Lena d’Água e Primeira Dama
É impossível não saber de cor a música “Sempre que um amor me quiser”. Também é impossível não saber quem é a Lena d’Água, a autora e cantora portuguesa que, embora tenha tido o seu auge nos anos 80, nunca deixou de ser um marco na música popular portuguesa. Nos últimos anos, dedicou-se ao jazz, regravou as músicas que a celebrizaram nos anos 80, participou no Festival da Canção e distribuiu carinho. Muito. Agora actua com Primeira Dama, aka Manel Lourenço, onde terão, certamente “Muitas histórias por contar”. Para ver no Palco Lopes-Graça, dia 12.
Salvador Sobral
Um dos grandes nomes nacionais que, nos últimos tempos, mostrou o seu último álbum ao público português e que, após uma interrupção, volta para acabar essa ronda onde irá, conforme já prometeu, apresentar algumas canções novas.
Salvador Sobral é um artista que não é fácil de definir em termos musicais, pois nunca se limitou a um estilo ou a uma língua. Em inglês, português ou espanhol adopta diversas sonoridades de jazz, com um estilo ora mais melancólico ora mais enérgico, perfeito para um passo de dança.
Embora seja um nome já bem conhecido em Portugal, está ainda no início de uma carreira que se prevê diversificada. Espera-se um concerto incrível próximo de um público que está rodeado por casas e da natureza, do céu e da voz que já tocou de alguma forma todos a quem ela chegou. Para ver no Palco Lopes-Graça, dia 9.
Slow J
Rap melancólico, rap incisivo. Uma lufada de ar fresco de uma nova geração de rappers que fala da natureza humana de forma obsessiva, mas de uma perspectiva lúcida.
A voz é marcante, mas os sons que a acompanham vão mudando ao longo das suas obras: ao som de uma guitarra, num ambiente de jazz ou num beat electrónico. Não tem problemas em experimentar, em inovar e não o faz sozinho. Já trabalhou com nomes como Nerve, Holly, Strerossauro ou Papillon.
O último álbum, The Art of Slowing Down, ainda tem um espaço nos festivais nacionais e não é por acaso. É uma obra que responde às necessidades de um público diversificado, que não tem de ter necessariamente raízes muito profundas no rap. Para estarmos bem acordados no Palco Zeca Afonso, dia 9 à 1:30.
Dead Combo
Quando Anthony Bourdain visitou Lisboa foi recebido por Tó Trips e Pedro Gonçalves num pequeno bar do Cais do Sodré e não foi por acaso. Eles são uma referência no rock nacional. Foram buscar de volta a identidade mais pura do rock ao som da guitarra. Tocam um sentimento predominante na cultura portuguesa, a melancolia. Mas nesta melancolia existe riqueza. E, assim, compuseram seis álbuns de originais, o último já este ano e de seu nome, Odeon Hotel.
Em Odeon Hotel, facilmente encontramos outras influências musicais criando, assim, uma obra bastante diversificada culturalmente. Um verdadeiro hotel fantástico que será apresentado ao público pela primeira vez num festival, por isso facilmente é um dos nomes a ter em conta. No Palco Lopes-Graça, às 21:00 do dia 12.
Luís Severo
Luís Severo já não é um desconhecido. Presença habitual nas salas e festivais portugueses, tem cimentado o seu estatuto de cantautor de referência no panorama musical português. Ao som de uma guitarra ou do piano, a visão poética de Severo relativa à vida, inclusive as coisas mundanas, facilmente toca um público bastante diversificado que não se limita necessariamente aos mais jovens.
Depois de Cara D’Anjo de 2015 e do álbum homónimo do ano passado, Luís Severo actuará no dia 12 de Agosto, no palco Giacometti, para revisitar os álbuns que tanto nos soam nos ouvidos e, talvez, apresentar temas novos saídos do seu refúgio no arquipélago dos Açores, já este ano.
Conan Osiris
É certamente uma das novidades deste ano. Já despertou a atenção de algumas partes da sociedade. Choca-nos, faz-nos rir e, sem sombra de dúvidas, agarra-nos de uma maneira diferente do habitual e não há qualquer problema em ser assim. É a rainha da noite das feiras populares de uma geração já esquecida, mas modernizada para um público da nova geração. Não tem complexos, não esconde gostos pessoais, não tem problemas em albergar uma diversidade cultural dentro das suas músicas, sem nunca esquecer a cultura portuguesa.
Muitos têm dificuldade em descrevê-lo, porque, ao mesmo tempo, consegue ser poético e sarcástico. Uns gostam da sua persona em palco, outros da letra, outros gostam do seu acompanhante de dança. Assim, consegue juntar um público que o está a ver por diferentes razões. Uma actuação que não passará despercebida, porque ele fará questão que assim seja. Às 2:15, com ou sem bolos, do dia 11.
Sean Riley & The Slowriders
Quem ouve a música desta banda que já conta com mais de dez anos de carreira facilmente perde-se numa sonoridade que nos leva para uma viagem do rock clássico, simples, mas com muito para dizer.
As músicas deles já são mais do que conhecidas do público português, mas certamente intemporais, como “This Woman” ou “Dili”. Perfeito para um concerto ao luar no palco Lopes-Graça.
Artigo escrito por João Pinho e Linda Formiga