O 4.º dia do Motelx foi belíssimo para os amantes dos filmes de terror

por Comunidade Cultura e Arte,    9 Setembro, 2018
O 4.º dia do Motelx foi belíssimo para os amantes dos filmes de terror
“Luz” de Tilman Singer

Sexta-feira, dia 7 de Setembro 2018, teve lugar o 4.º dia da 12.ª edição do Motelx, mais um belíssimo dia para os amantes do género que trouxe o impulsivo “Upgrade” de Leigh Whannell, convidado de honra do festival, para nos levar numa montanha russa de acção futurista e que contou com James Franco como espectador “anónimo” na sala. Foi ainda o dia da primeira sessão dupla desta edição, provavelmente uma das mais interessantes da história do festival, com o teen-slasher “The Ranger” e o aterrador “Gonjiam: Haunted Asylum”. Foi ainda exibido Luz, um filme conceito concorrente ao prémio de melhor longa metragem de terror europeia.

Upgrade” (Crítica de David Bernardino)

Foi para filmes como “Upgrade” serem feitos que a série B se perpetuou no tempo. Não é que o mais recente filme de Leigh Whannell o seja conceptualmente, mas o espírito descomprometido e o amoroso exercício de género que consegue produzir, cheio de criatividade no recheio que compõe o seu pequeno Mundo futurista, tornam-no uma jóia na programação desta edição do Motelx e num possível filme de culto de nicho, com mérito próprio, a lembrar películas como “The Guest”.

Despojado de pretensiosimo, Whannell consegue fazer um saboroso cocktail de sci-fi, terror e acção, e não fosse o seu descomprometimento o resultado final poderia ter sido desastroso. Pelo contrário, “Upgrade” habilmente consegue equilibrar os seus subgéneros e ideias, e Logan Marshall-Green, estrela da obra-prima do suspense “Invitation”, demonstra que pode atingir patamares maiores no cinema comercial. Ainda que por vezes o filme pareça algo desorientado e apressado, o entretenimento que oferece é inegável. “Upgrade” não pretende mais que isso.Gonjiam: Haunted Asylum” (Crítica de David Bernardino)

Escolha ideal para fechar o dia, exibido às 2h da manhã, “Gonjiam” é um dos exemplares do melhor terror, em sentido estrito, que já passou pelo Motelx em todas as suas edições. Um found-footage sul coreano, “Gonjiam” coloca um grupo de voluntários num programa online que procura fantasmas em lugares supostamente assombrados, enquanto transmite em directo para milhares de espectadores com as suas câmaras e go-pros. No caso, o cenário é um asilo abandonado no interior do país.

Desprovido de violência e de jump scares que existem, mas estão longe de ser baratos, “Gonjiam” constrói uma atmosfera genuinamente aterradora e realista, realismo esse que se arrasta com sucesso para as suas personagens, numa espécie de “Blair Witch” aperfeiçoado. A cinematografia, a localização e a ausência de banda sonora ajudam, e no fundo é isso que se procura no género de terror puro que não procura brincar com outros conceitos que não sejam o de colocar o espectador com deliciosos calafrios, num dos filmes de entretenimento de horror mais bem polidos dos últimos anos para ver com os amigos à noite.

Luz” (Crítica de Marta Vicente)

A primeira longa-metragem do alemão Tilman Singer, começou por ser apresentada como um projeto universitário construído numa película de 16mm. São-nos apresentadas as vidas de Luz e Nora que, separadas por acontecimentos passados, voltam a cruzar-se, não pela força do destino, mas sim devido à força demoníaca que possui Nora. Após seduzir o psiquiatra da esquadra da polícia onde Luz se encontra, Nora consegue reencontrar-se com a amiga, numa conversa que acorda o passado e desenterra várias verdades.

A fotografia é, sem dúvida, o ponto alto da produção e é o ambiente criado por esta que dá sentido à própria narrativa – uma linha difusa, aberta a várias interpretações. Ainda que proporcione uma bonita experiência visual, o argumento falha com a personagem de Luz que, apesar de dar o nome ao filme, é abafada por Nora – ou por Luana Velis ter ficado aquém do exigido, ou por o próprio argumentista não ter explorado o potencial da personagem da devida maneira.The Ranger” (Crítica de David Bernardino)

Mais uma homenagem aos teen-slashers dos anos 80, “The Ranger”, de Jenn Wexler, foi um boa escolha para abrir a sessão dupla à meia-noite antes da exibição de “Gonjiam”. Quando um grupo de punks adolescentes se refugia na casa de montanha de uma das protagonistas, um ranger do parque nacional demonstra não é o agente da autoridade que aparenta. Apesar de ser um filme algo insípido, “The Ranger” consegue brincar consigo próprio, caricaturando o género teen-slasher com humor negro e alguns clichés conscientemente aplicados que disfarçam algum do amadorismo presente na realização.

O facto do Ranger assassino nunca ter enganado ninguém, faz com que o filme nunca seja realmente levado a sério, o que lhe dá toda uma dimensão cómica e de entretenimento que nunca se torna cansativa. A sua curta duração, 80 minutos, ajuda a que tudo corra bem. No entanto, apesar de bem disposto, “The Ranger” não faz nada mais que isto.

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