Vladimir Putin quer controlar o rap na Rússia: “É baseado em três pilares: sexo, drogas e protesto”
Vários artistas têm sofrido represálias por parte do Governo russo, tendo inclusive visto vários concertos cancelados um pouco por toda a Rússia.
O rap está a crescer a passos largos no país governado por Putin e esta semana o Presidente russo teceu algumas declarações durante uma reunião do Conselho de Cultura do país: “Dizem que o rap e todas essas coisas modernas se baseiam em três pilares: sexo, drogas e protesto. Das três, a que mais me preocupa são as drogas. Esse é um caminho directo para a degradação do povo”, disse Putin. O Chefe de estado russo disse ainda que “Se é impossível pará-lo, devemos controlá-lo“.
“As autoridades descobriram que os jovens são politicamente activos. Não tinham sido durante quase 30 anos. Essa é uma notícia muito má para o Kremlin. Pensavam que só se interessavam por drogas e dinheiro”, disse Artemi Troitski, o crítico de música mais reconhecido da Rússia, à agência EFE.
Nas últimas semanas as forças de segurança russas cancelaram e interromperam vários espectáculos de grupos musicais denominados de “destrutivos” que têm letras fortes e com grandes doses de crítica social. “Husky”, “IC3PEAK”, “GONE.Fludd” e “Friendzone” foram alguns dos artistas afectados.
“No meio de um concerto vieram dez policias e suspenderam a nossa apresentação. Não nos deram nenhuma explicação legal. Outras vezes, pressionam os organizadores ou dão como desculpa avisos de bomba ou intoxicações alimentares”, explicou Nastia Kreslina, vocalista dos “IC3PEAK”, à agência EFE.
Na opinião dos músicos, e segundo a agência EFE, entre o Kremlin, a Igreja Ortodoxa, o FSB (agência russa de serviços de informação ), as autoridades locais e as associações de pais foi criada uma lista negra de grupos cuja a música é considerada prejudicial para a juventude.
Para Artemi Troitski, em declarações à agência EFE, as autoridades soviéticas já recorreram à censura “cultural e ideológica” no final da década de 1970 e no início dos anos 80 contra o “rock underground”, mas fracassaram. Agora, o actual governo utiliza a mesma táctica, disse o crítico de música, segundo a mesma fonte.