Adriana Calcanhotto anuncia concertos de apresentação do novo disco

por Comunidade Cultura e Arte,    24 Maio, 2019
Adriana Calcanhotto anuncia concertos de apresentação do novo disco
Adriana Calcanhotto / Fotografia de Murilo Alvesso

Adriana Calcanhotto regressa com novo disco de originais – “Margem” – e confirma a sua apresentação ao vivo em Portugal com concertos agendados a 16 de Novembro no Tivoli BBVA, em Lisboa, e a 19 de Novembro na Casa da Música, no Porto.

“Margem” é o disco que encerra a trilogia dedicada ao mar, que a compositora iniciou com “Maritmo” (1998) e à qual deu continuidade com “Maré” (2008), e a sua edição física e digital está agendada para 7 de Junho.
Do muito esperado regresso de Adriana Calcanhotto aos discos de estúdio já se conhecem os temas “Margem”, “Ogunté” e o mais recente “Lá Lá Lá”.

“Maritmo” é um disco de mar, o meu quarto álbum, lançado em 1998, e o primeiro que explicita minha paixão pelo mar, como espaço físico e metafísico. Queria um ambiente de mar e de dança, de movimento, de levar e trazer, de ondulação e impermanência, e por isso é que ele chamou-se “Maritmo”. Uma palavra inventada por mim que reforça que o ritmo do mar é maritimo, trocadilho feito em um ensaio para a gravação e que acabou por batizar o projeto.

Em março de 2008, dez anos depois, veio “Maré”, meu sétimo álbum, que por ter novamente ambiência oceânica, me fez pensar no mar quando ele volta, quando ele é o “mar mais uma vez”, e porque é que volta. O que faz o mar ir e voltar é a maré, e sobre isso pensei muito até constatar que o disco era uma segunda vaga de um projeto maior. Então, no lançamento,  anunciei a trilogia de marinhas.

Este, “Margem”, que está há vinte e um anos de distância do primeiro e onze do segundo, e cuja sequencia ele encerra, começou a ser concebido logo depois do lançamento do MARÉ, o segundo. Por inércia. Pelo fato de ter ouvido, cogitado e cantado tantas canções que acabaram não entrando nem no álbum e nem depois nos shows da turnê de lançamento, canções que não entraram nos projetos mas não saíram de mim, que de alguma maneira foram ficando como possibilidades para o terceiro. O terceiro confunde-se um pouco com o segundo nesse sentido.

Os oceanos não são mais os de vinte anos atrás e essa tragédia estava há muito anunciada. De MARÉ para cá não lancei mais discos de estúdio, registrei algumas apresentações em DVD, no Rio de Janeiro (Olhos de Onda, 2011)  e em Porto Alegre (Loucura, 2015, só com canções de Lupicínio Rodrigues) que eram projetos de palco e acabaram gravados.

Em 2018 fiz shows em Portugal e no Brasil com um espetáculo criado a partir da minha estadia como docente na Universidade de Coimbra. A Mulher do Pau Brasil  foi um repertório de canções ligadas às ideias da Poesia Pau Brasil, de Oswald de Andrade e de sua turma de enormes artistas e colaboradores, movimento que sempre me influenciou de forma muito profunda, desde a adolescência.
Durante a residência coimbrã assim como muito antes, em Porto Alegre, no ano de 1998, quando estreei um primeiro show chamado A Mulher do Pau Brasil, com o mesmo tipo de inspiração, a ideia foi lidar com a identidade artística e cultural do Brasil a partir dos modernistas. De seus ecos e efeitos no tropicalismo e depois, e na importância para o fim das discussões entre alta e baixa cultura. Era pra ser uma apresentação única em Coimbra, como despedida do semestre de 2017, mas  o show acabou por fazer uma tour portuguesa e outra pelo Brasil. Viajei de abril de 2018 a fevereiro de 2019 com meu repertório antropófago e esse foi um espetáculo que adorei fazer.

Paralelas à turnê  brasileira, fizemos, eu, Bem Gil, Bruno Di Lullo e Rafael Rocha, as sessões de gravação do “Margem”. Experiência incrível, a de estar na estrada com Bem e Bruno, viajando com A Mulher do Pau Brasil, tocando, passando som, acordando, voando, almoçando, jantando juntos e chegando ao Rio e nos socando juntos no estúdio, aí com Rafael Rocha. Estúdio esse que é um tipo de quintal para o Bem Gil, estúdio onde o pai dele, entre outros artistas, gravou coisas lindíssimas.

A minha atitude no estúdio foi mudando ao longo dos anos, eu fui acalmando, aprendendo a ouvir melhor mas minhas primeiras memórias das sessões de gravação são de que aquilo precisa ser muito rápido, definitivo e acabar logo porque tudo é muito caro então vai-se para o estúdio sabendo-se o que se vai fazer, não é lugar para perder tempo pensando. Dessa vez aprendi muito mais ainda com Bem, Bruno e Rafa, que vão ao estúdio para experimentar sons, para microfonar, com toda a calma do mundo, vão ao estúdio fazer o que mais gostam, vão ao estúdio para serem felizes e viram noites tocando por puro prazer. Foram incansáveis e amorosos comigo e isso está impresso no som das faixas, como poderão constatar. Sou muita grata a eles e a todas as pessoas envolvidas na feitura de mais esse trabalho, que encerra em si uma série de ciclos.

MARGEM encerra a trilogia mas não o assunto, que a cada um dos três discos, revelou-se pra mim mais e mais urgente.

16 Nov. | Tivoli BBVA Lisboa | 21h30
Bilhetes:
1ª Plateia – 40€
2ª Plateia – 35€
Frizas – 30€
1º Balcão Central – 25€
1º Balcão Lateral – 17,50€
2º Balcão Central – 20€
2º Balcão Lateral -15€
Camarotes – 30€

19 Nov. | Casa Da Música | 21h30
Bilhetes:
1ª Plateia – 35€
2ª Plateia – 30€
(desconto para portadores de Cartão Amigo)

 

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