#41 Essenciais do Cinema. “Memento”, de Christopher Nolan
Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma nova rubrica da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.
Filme: Memento (2000)
Realizador: Christopher Nolan
Protagonizado por: Guy Pearce, Carrie-Anne Moss e Joe Pantoliano
“Memento” é uma daquelas obras-primas que parece ser esquecida, ao longo do tempo, sem nunca obter o devido reconhecimento da sua qualidade, pelo menos, ao nível dos fãs. Ora, Nolan tem aqui a que é, para muitos, a maior produção cinematográfica da sua carreira, não em termos monetários ou estéticos, mas em guião e estrutura de argumento numa das narrativas mais versáteis e inteligentes que há memória.
Nesta obra altamente psicológica, Leonard (Guy Pearce), em resultado de problema neurológico, sofre de amnésia anterógrada, a incapacidade de formar novas memórias. Como consequência, Leonard é forçado a tatuar o seu corpo para recordar novos momentos ou mensagens, bem como a andar com uma Polaroid para fotografar todos os intervenientes da sua vida. Desde o início do filme, o espectador entra logo na história que é transmitida de trás para a frente, apresentando uma forma inovadora e surpreendendo logo à partida. Leonard procura incessantemente o assassino da sua mulher, com a intervenção de um amigo, o John Edward “Teddy” Gammell (Joe Pantoliano), e de uma presença feminina, a Natalie (Carrie-Anne Moss), que acabarão por ter um papel preponderante no desenrolar da acção. Ora, qualquer um deles poderá ter tido ou não envolvimento na morte da mulher de Leonard, tal como o próprio vai descobrindo com o “avançar” da história.
Acima foi mencionado, a subvalorização de um dos filmes mais importantes de todos os tempos. Claro que esse desvalorizar é, muitas vezes, feito pelos fãs que se esquecem deste “Memento” como o mais importante filme da filmografia de Christopher Nolan. O orçamento não atinge, nem de perto nem de longe, o valor dos futuros filmes de Nolan, mas contém uma complexidade narrativa realmente impressionante, apresentando, pelo menos, três formas diferentes de visualizar o filme. Ganhou diversos prémios, mas nunca um Óscar da Academia, tendo apenas obtido duas nomeações técnicas, infelizmente.