Entrevista. Rita Blanco: “Produzir uma série não é produzir uma telenovela”
Rita Blanco, a Margarida de Conta-me Como Foi, revelou cansaço e algum desconforto com as condições de produção da série, numa conversa à margem das gravações dos últimos episódios, que o Espalha-Factos acompanhou.
A atriz considera que na nova temporada da produção, no ar aos sábados à noite na RTP1, o enredo se centrou “sobretudo na família e na ideia de família” e que sentiu falta da relação das personagens “com o exterior, com a vida, com o que está a acontecer com as outras pessoas e os acontecimentos históricos“.
Para isto, acredita, pode ter contribuído “a falta de dinheiro“. “Temos de ter mais cuidado quando queremos fazer uma série. Temos de ter em atenção que produzir uma série não é produzir uma telenovela“, sublinha a atriz.
“Fazem-se séries maravilhosas pelo mundo inteiro, porque é que nós não havemos de fazer? E para isso temos de ter condições para as fazer, é só. E não tem de depender de um esforço sobrenatural que fazem as equipas. Todos nós fazemos o pino para conseguir, apesar de tudo, dar o máximo de qualidade que podemos“, referiu Rita Blanco.
A família “sustentou” a série
Já em jeito de balanço depois da gravação dos 52 episódios de Conta-me Como Foi, realça que em Portugal têm de se “produzir séries como séries que são“. “E é completamente diferente. Por exemplo, numa novela, você faz uma cena fundamental para um episódio em meia hora, provavelmente numa série, uma cena fundamental para um episódio tem de levar um dia a gravar“.
A Margarida da série acredita que “reunir a família” foi a parte melhor deste trabalho e acha que, apesar de tudo, foi essa união que sustentou a série apesar de todas as dificuldades sentidas durante as gravações.
“O dinheiro que é preciso para produzir uma série, o tempo que é preciso para produzir uma série são muito importantes e são fundamentais para a otimização da qualidade dessa mesma série“, relembra a intérprete. “Temos de ter mais cuidado“, alerta ainda.
Questionada sobre a possibilidade de regressar para novas temporadas da produção, ambientadas nos anos 90, Rita Blanco é lacónica – “com melhores condições“. Os atuais episódios da série são centrados no período de 1984 a 1986 e, dos 52 episódios encomendados, ainda só foram emitidos sete.
Entrevista de Pedro Miguel Coelho, publicada originalmente em Espalha Factos.