Xavier Dolan está a desenvolver três novos projectos e teme que os cinemas desapareçam ou se tornem exclusivos
Xavier Dolan tem dedicado quase toda a sua vida ao cinema. Com apenas 31 anos já realizou 8 longas-metragens.
Inicialmente conhecido no Canadá por surgir em vários anúncios televisivos, Dolan redimensionou-se e quis envolver-se ainda mais no pequeno e no grande ecrã. Para além de dobragens de filmes internacionais e de algumas participações em filmes nacionais, viu o seu talento ganhar força com a direcção cinematográfica. Tudo começou em 2009 com “J’ai tué ma mère” e os resultados estão à vista. Galardões nacionais e internacionais, entre eles em Veneza, Toronto e Cannes, corroboraram a novidade que surgiu no cinema.
Agora, em 2020, e depois de estrear o seu último filme “Matthias & Maxime“, o cineasta canadiano revelou e reforçou, uma vez que nem tudo era novidade, à i-D, publicação da Vice Media, que está a desenvolver três novos projectos: uma mini-série, um filme de terror e um drama social.
Embora não tenha revelado muitos detalhes, sabe já que a mini-série terá por base a peça “La nuit ou Laurier Gaudreault s’est reveille“, do dramaturgo canadiano Michel Marc Bouchard, o mesmo autor de “Tom à la ferme“, que Dolan também adaptou para cinema. O pano de fundo desta história mostra Mireille Larouche, uma famosa tanatologista (pessoa que investiga os mecanismos e aspectos forenses da morte), que regressa à sua cidade natal após a morte da sua mãe e com ela vão os seus três irmãos (Denis, Julien e Eliot).
Ainda na entrevista à i-D, Dolan falou sobre a sua preocupação com o cinema, mais concretamente com o streaming e com a pandemia da COVID-19,-19: “Acho que o nosso hábito global de ir ao cinema já foi interrompido com a chegada do streaming — excepto, claro, para eventos cinematográficos como os filmes da Marvel, sequelas ou franquias. A nossa tendência para o entretenimento confinado está a aumentar. Mas agora, e se não tivermos mais escolha, temo que as salas de cinema desapareçam. Ou que se tornem no local exclusivo dos principais filmes dos grandes estúdios — com todos os filmes independentes e intermediários a serem relegados para o streaming. E isso é triste. Porque ninguém, no fundo, filma para iPads“.
No passado mês de Julho, a rede de cinemas AMC, a maior rede de cinemas dos EUA, com mais de 8000 salas, e os estúdios Universal chegaram a um novo acordo histórico sobre o tempo que os filme ficam exclusivamente em cartaz nas salas de cinema. A estratégia das duas empresas define que os novos filmes da Universal ficarão disponíveis por Video On Demand (VOD) 17 dias após a sua estreia em sala. No entanto, e segundo o que se sabe do acordo, as novas regras só serão aplicadas, para já, nos EUA.