Curtas Vila do Conde 2020: sugestões de filmes da competição internacional

por Sofia Matos Silva,    8 Outubro, 2020
Curtas Vila do Conde 2020: sugestões de filmes da competição internacional
ELECTRIC SWAN // DR

A edição de 2020 do Curtas Vila do Conde começou este sábado. O 28º Festival Internacional de Cinema decorre entre 3 e 11 de outubro e, este ano, estende-se de Vila do Conde para Porto, Lisboa, Faro e on demand.

Depois da Competição Nacional, passamos agora para as curtas-metragens lá de fora. Este ano, o Curtas Vila do Conde apresenta uma seleção sublime de filmes nesta categoria. Por entre a ficção, a animação e o documentário, a Competição Internacional está preenchida de excelentes trabalhos – tirando um ou outro, dependendo das perspetivas e preferências de cada um.

As temáticas são abrangentes, ainda que tendam sempre a encontrar-se num ponto: o da reflexão. Temos registos históricos (A Night at The Opera, Bella, Correspondencia, Diarios del Exilio, La Bobine 11004) e retratos sociais provenientes dos mais diversos pontos do globo (Hidden, Mi Piel, Luminosa, Nina, Os Olhos na Mata e o Gosto na Água, Physique de la Tristesse, Souvenir Souvenir, Stump The Guesser, The Kites, The Unseen River, Victor in Paradise, Waste No.4 New York, New York). Temos paixões platónicas (Camille Sans Contact) e questões de género (Dustin), problemas temperamentais (Love Hurts) ou com de direitos humanos (L’Effort Commercial).

No fundo, esta é uma seleção que dá voz a indivíduos de diferentes contextos e com experiências de vida díspares, que levantam questões e fazem, consequentemente, com que cada um de nós levante mais questões ainda sobre o mundo em que vivemos. Situando-se no passado ou no futuro mas sem esquecer o presente (Empty Places), com origem nos vários continentes, estas são curtas-metragens que valem a pena ver. Para quem o quiser fazer, os filmes da Competição Internacional estão todos disponíveis para visualização em online.curtas.pt a partir da hora em que são exibidos na sessão respetiva em sala, ficando na plataforma durante mais ou menos duas semanas.  

Das 33 curtas-metragens selecionadas para a Competição Internacional de 2020, destacamos 15. Não é uma aposta em possíveis filmes vencedores ou uma avaliação imparcial dos melhores; trata-se, pelo contrário, de uma escolha subjetiva das curtas que se destacaram por motivos variados.

HOMELESS HOME // DR

HOMELESS HOME, de Alberto Vázquez, é uma curta de animação absolutamente espetacular. Tal como já é comum nos trabalhos do cineasta, está preenchida por paradoxos: é sombria e cómica, retrata figuras oriundas do fantástico mas representa a realidade da juventude espanhola (ou de qualquer outra nação, honestamente). As personagens vivem aprisionadas numa espécie de limbo, mas estão mortas; afogam o desespero com álcool mas mantêm sonhos por dias melhores. Esta é uma fábula irónica, eterna, sem tempo nem espaço concretos, que certamente despertará sentimentos de empatia em todos os que a veem.

Podes ver este filme na sessão Competição Internacional 9, com início às 19h45 de 9 de outubro.

ON EST PAS PRÈS D’ÊTRE DES SUPER HÉROS // DR

ON EST PAS PRÈS D’ÊTRE DES SUPER HÉROS, de Lia Bertels, é um trabalho belíssimo. Passando para o inglês, And Yet We’re Not Super Heroes está entre a animação e o documentário, entre a realidade e a fantasia, entre o mundo dos adultos e o mundo das crianças. Tanto poético como filosófico, parte de testemunhos de crianças para criar um universo mágico. É uma curta que tem o dom de nos mover e de se tornar, aos poucos, parte de nós também.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 4, aqui.

L’EFFORT COMMERCIAL // DR

L’EFFORT COMMERCIAL, de Sarah Arnold, representa o choque entre as necessidades dos trabalhadores e os interesses dos seus superiores na cadeia de comando. Num cenário propositadamente construído de forma artificial e satírica, os trabalhadores transformam-se em robôs, tentando corresponder a metas impossíveis numa verdadeira desumanização da humanidade. Infelizmente, é baseado em acontecimentos verídicos que, apesar de ocorrerem um pouco por todo o lado, seguem sem consequências para as empresas.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 4, aqui.

HOW TO DISAPPEAR // DR

HOW TO DISAPPEAR, do coletivo Total Refusal, é um ensaio brilhante. O Digital Disarmament Movement afirma-se como “uma afirmação pacifista realizada no espaço digital”. Este é um filme, assim, antiguerra e, tanto de forma literal como figurativa, sobre como desaparecer da guerra. Os desertores são vistos pela história de uma forma usualmente negativa; aqui, são vistos como revolucionários e fiéis aos seus princípios. Tendo como suporte visual imagens do jogo Battlefield V, a voz em off estabelece paralelos entre os jogos de guerra e as guerras do passado, acompanhando as histórias dos desertores ao longo dos tempos enquanto expõe todo o tipo de questões e reflexões. A curta-metragem também foi integrada na secção My Generation do Curtas.

Podes ver este filme na sessão Competição Internacional 8, com início às 22h15 de 8 de outubro.

LA BOBINE 11004 // DR

LA BOBINE 11004, de Mirabelle Fréville, é um registo real das consequências do armamento nuclear. Oito meses após os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, quatro operadores de câmara recolheram imagens para um documentário sobre a derrota japonesa, sendo o conteúdo da bobine 11004 posteriormente censurado. Fréville descobriu o material nos arquivos nacionais norte-americanos enquanto realizava pesquisa para outro filme. Com imagens a cor, algo raro para a época, constitui (mais) uma prova dos efeitos terríveis do armamento nuclear. Este é um documentário que pode ser algo difícil de ver para os mais sensíveis.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 5, aqui.

ELECTRIC SWAN // DR

ELECTRIC SWAN, de Konstantina Kotzamani, é uma crítica diluída em metáforas ao choque entre classes sociais. Lembrando o realismo mágico tão típico da América Latina – ainda que, neste caso, mais real do que mágico -, o filme acompanha os habitantes de um prédio de dez andares em Buenos Aires que abana e deixa entrar água. Sempre com uma fotografia cuidada, a curta-metragem de ficção traz ainda algumas surpresas consigo.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 1, aqui.

PHYSIQUE DE LA TRISTESSE // DR

PHYSIQUE DE LA TRISTESSE, de Theodore Ushev, é uma reflexão sobre (claro) a tristeza, o abandono e o esquecimento. Inspirado na obra de Georgi Gospodinov e construído através de pintura encáustica animada, o resultado final é um trabalho tão confuso como a própria vida, tanto com toques de surrealismo como de impressionismo e de expressionismo, numa autêntica fusão de imagens, objetos, pensamentos, divagações, memórias e questões existenciais. Uma espécie de cápsula do tempo, “para abrir depois do fim do mundo”, que merece bem os 27 minutos que a constituem.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 6, aqui.

HIDDEN // DR

HIDDEN, de Jafar Panahi, é mais um bom exemplo de como o cinema pode ser usado como uma potente arma contra o silêncio e contra o esquecimento. Pahani é um dos mais importantes realizadores iranianos e está há uma década proibido de filmar pelo próprio país; inconformado, o cineasta tem continuado a procurar histórias para contar e maneiras de as registar. Neste documentário, está acompanhado da filha e viaja ao encontro de uma jovem com uma voz belíssima – cujo rosto nem nós nem o próprio Pahani vemos – silenciada pela família e pela tradição social e religiosa; um entre tantos sonhos femininos oprimidos em nome de normas ditadas por terceiros.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 2, aqui.

CORRESPONDENCIA // DR

CORRESPONDENCIA, de Carla Simón e Dominga Sotomayor, é um diário visual a quatro mãos. As duas cineastas, uma na Catalunha e outra no Chile, juntam as suas histórias de vida, memórias, sentimentos e reflexões e contam-nas uma à outra – correspondência. As temáticas abordadas vão desde o papel da mulher até ao percurso político-social chileno. Construído em jeito de filme caseiro, é um documentário, de tão disperso, surpreendentemente coeso e visualmente apelativo.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 3, aqui.

THE KITES // DR

THE KITES, de Seyed Payam Hosseini, decorre no Curdistão, na fronteira entre o Irão e o Iraque, mas poderia igualmente decorrer em tantos outros locais. Embora seja ficção, é um espelho das vidas de milhões de crianças por este mundo fora que crescem em ambientes de conflito, uma realidade que não entendem mas da qual não conseguem nunca escapar.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 6, aqui.

SOUVENIR SOUVENIR // DR

SOUVENIR SOUVENIR, de Bastien Dubois, é a tentativa de um neto de reconstruir o passado do avô. Marcado pela Guerra da Independência Argelina, esse passado é difuso e raramente vocalizado pelo avô, independentemente de quantas sejam as tentativas do neto. Partindo de uma recordação, marca uma importante reflexão sobre o trauma que afeta gerações inteiras.

Podes ver este filme na sessão Competição Internacional 7, com início às 17h00 de 8 de outubro.

THE END OF SUFFERING (A PROPOSAL) // DR

THE END OF SUFFERING (A PROPOSAL), de Jacqueline Lentzou, surge quase em jeito de ensaio filosófico. De um lado, uma jovem inquieta e descontente com a vida; do outro, uma entidade etérea e extraterrestre que a tenta confortar com afirmações não tão reconfortantes assim.

Podes ver este filme na sessão Competição Internacional 9, com início às 19h45 de 9 de outubro.

WITNESS // DR

WITNESS, de Ali Asgari, retrata um acontecimento comum do dia a dia que poderia acontecer a qualquer um de nós, mas que assume proporções inesperadas e pode alterar definitivamente o destino das personagens. É um daqueles filmes que tanto nos deixa na beira do assento como desperta a questão “E esse fosse eu?”.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 4, aqui.

EMPTY PLACES // DR

EMPTY PLACES, de Geoffroy De Crécy, é o único trabalho que podemos relacionar diretamente à situação atual do mundo. A pandemia da covid-19 e o isolamento social obrigatório que esta provocou deixaram espaços completamente desertos. Qual filme de ficção científica tornado realidade, os espaços vazios deixaram-nos inevitavelmente a questionar como ficaria o planeta se a nossa espécie desaparecesse de um momento para o outro.

Podes ver este filme, da sessão Competição Internacional 1, aqui.

BELLA // DR

BELLA, de Thelyia Petraki, é uma hábil reconstrução visual de palavras escritas em cartas há pouco mais de três décadas. Construído com base em imagens de arquivo, found footage e vídeos caseiros, é um excelente registo de um pós-Chernobyl e pré-queda do mundo soviético.

Podes ver este filme na sessão Competição Internacional 8, com início às 22h15 de 8 de outubro.


Os dados das 33 curtas-metragens internacionais em competição podem ser consultados em baixo.

  • A NIGHT AT THE OPERA

Sergei Loznitsa, França, 2020, DOC, 10’

As noites de gala organizadas no Palais Garnier, a Ópera de Paris, durante os anos 1950 e 1960, são aqui revisitadas usando imagens de arquivo. Entre prestígio e protocolo, estas noites mobilizaram tanto celebridades como curiosos para assistir a este espetáculo, apresentado com alguma ironia.

  • BELLA

Thelyia Petraki, Grécia, 2020, FIC/DOC, 25’

Grécia, pouco antes da queda do Muro de Berlim. Diante dos olhos de Anthi, o país e o mundo estão a mudar. Um momento recriado como se fosse um sonho febril, onde ficção e documentário se sobrepõem perfeitamente, criando um universo cinematográfico marcante e emocionante.

  • CAMILLE SANS CONTACT

Paul Nouhet, França, 2020, FIC, 15’

O enamoramento e o desamor são verdadeiros, mesmo que numa relação platónica. Numa desconversa de lugares comuns e incomuns, Max partilha estas angústias com o seu melhor amigo, igualmente inábil nos assuntos do coração. Em movimento contínuo pelas ruas de Paris, este é um universo de encontros tangenciais.

  • CORRESPONDENCIA

Carla Simón e Dominga Sotomayor, Chile/Espanha, 2020, DOC, 19’

Na forma de uma troca de correspondência visual filmada, duas jovens cineastas discutem cinema, família presente e passada, herança e maternidade. As reflexões pessoais – que estão incorporadas nas graciosas imagens do quotidiano – são repentinamente ecoadas pela emergência política de um país.

  • DIARIOS DEL EXILIO

Irene Gutiérrez, Espanha, 2019, DOC, 43’

Filmagens de vários arquivos ilustram o êxodo em massa depois da vitória do general Franco em 1939, e também a vida dos exilados nos seus novos países. Filmes caseiros, de natureza pessoal, alternam com imagens de líderes políticos na construção de um retrato sobre o deslocamento e a perda provocados pelo exílio.

  • DUSTIN

Naïla Guiguet, França, 2020, FIC, 20’

Num armazém abandonado, uma multidão dança em uníssono com a música techno que invade o espaço. No centro está Dustin, personagem transgénero, e o seu grupo de amigos próximos. À medida que a noite avança, a histeria coletiva transforma-se em doce melancolia e a euforia em desejo de ternura.

  • ELECTRIC SWAN

Konstantina Kotzamani, França/Grécia/Argentina, 2019, FIC, 40’

Os edifícios não se devem mover. Mas, em Buenos Aires, o último andar de um prédio está a oscilar, causando uma misteriosa infiltração de água, que ameaça as paredes e os seus moradores: os habitantes dos andares superiores têm receio de cair, os moradores de andares inferiores têm medo de se afogar.

  • EMPTY PLACES

Geoffroy De Crécy, França, 2020, ANI, 08’

Um retrato de um mundo deserto de pessoas em que objetos variados do quotidiano estão agora deixados à sua sorte, livres do propósito que antes tinham. Fica a nostalgia pelo vazio deixado pelos humanos, nesta imaginação do que será o mundo depois de desaparecermos.

  • FILLES BLEUES, PEUR BLANCHE

Marie Jacotey e Lola Halifa-Legrand, França, 2020, ANI, 10’

Um casal nas estradas da Provença. Nils leva Flora a conhecer os seus pais pela primeira vez, quando são emboscados por um grupo de mulheres. Enquanto ela é feita prisioneira, ele foge. Cativa durante uma noite numa floresta, Flora tem de enfrentar as suas dúvidas e conquistar o passado.

  • FORASTERA

Lucía Aleñar Iglesias, Espanha, 2020, FIC, 19’

Antónia parece viver fora do seu espaço e do tempo da sua adolescência. Um desfasamento que se acentua quando encontra o quarto, os objetos e as roupas da sua falecida avó. Lentamente, o seu corpo dilui-se no dela, tornando-se incerto se é a adolescente que a invoca, ou se é a sua antepassada que a visita.

  • HIDDEN

Jafar Panahi, França/Irão, 2020, DOC, 19’

Panahi parte para um encontro com uma rapariga da qual lhe chegam notícias que possui uma belíssima voz, mas que por causa de restrições familiares e religiosas mantém-se reclusa em casa e esconde o seu talento. Panahi filma essa rapariga – ou melhor, a sua voz – e o resultado é surpreendente.

  • HOMELESS HOME

Alberto Vázquez, França/Espanha, 2020, ANI, 10’

Ninguém pode escapar às suas raízes, por mais podres que sejam. Nesta animação de imaginário medieval, conta-se a história de um triângulo amoroso entre uma bruxa, um orc e um ogre, uma alegoria para mostrar como apesar destas personagens parecerem monstros, os seus problemas são muito humanos e reais.

  • HOW TO DISAPPEAR

Total Refusal (Robin Klengel, Leonhard Mullner e Michael Stumpf), Áustria, 2020, ANI/DOC, 21’

Este filme antiguerra, que parte à procura de paz no mais improvável dos lugares – um jogo online -, é uma homenagem à desobediência e à deserção, tanto no mundo digital quanto no real. As paisagens pitorescas de “Battlefield V” tornam-se assim o pano de fundo para uma narrativa ensaística.

  • LA BOBINE 11004

Mirabelle Fréville, França, 2020, DOC, 19’

Em 1946, após os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, uma equipa do exército norte-americano realizou um documentário sobre a derrota japonesa, tendo filmado várias bobines. A bobine 11004 foi classificada como secreta e permaneceu oculta até agora.

  • LOVE HURTS

Elsa Rysto, França, 2020, FIC, 30’

Sam, uma rapariga reservada e misteriosa, conhece Troy, um adolescente ultraviolento que não sente dor. Entre avanços e recuos, ela acaba lentamente por ser arrastada para o seu meio, um mundo cheio de amor, socos e música grunge.

  • L’EFFORT COMMERCIAL

Sarah Arnold, Suíça/França, 2020, FIC, 17’

Lea começa a trabalhar como caixa num supermercado de uma grande cadeia, onde vai sendo confrontada com a insensibilidade a que as suas colegas de trabalho, todas mulheres, estão sujeitas.

  • MI PIEL, LUMINOSA

Nicolás Pereda e Gabino Rodríguez, México/Canada, 2019, DOC, 39’

Numa escola mexicana, entre vários meninos em idade escolar, um deles vive em total isolamento porque contraiu uma rara doença de pele.

  • NINA

Hristo Simeonov, Bulgária, 2020, FIC, 20’

Nina, uma rapariga de 13 anos, é carteirista e vive com Vassil, um homem com quem aprende e aperfeiçoa as técnicas de roubo e com quem divide o dinheiro conseguido ao longo do dia.

  • ON EST PAS PRÈS D’ÊTRE DES SUPER HÉROS

Lia Bertels, Bélgica/Portugal, 2019, ANI, 13’

Há na infância aquele momento frágil em que a linha entre imaginação e realidade se despedaça. Este filme regista os testemunhos de crianças situadas entre esses mundos.

  • OS OLHOS NA MATA E O GOSTO NA ÁGUA

Luciana Mazeto e Vinícius Lopes, Brasil/Alemanha, 2020, DOC, 36’

No Brasil, os habitantes de uma colónia alemã fundada no final do século XIX ainda se orgulham das suas raízes germânicas. Usando a ironia para analisar diferentes movimentos migratórios, o filme questiona o complexo processo de construção de uma identidade nacional.

  • PHYSIQUE DE LA TRISTESSE

Theodore Ushev, Canadá, 2019, ANI, 27’

Baseado no romance do escritor Georgi Gospodinov, o filme conta a história de um homem que recorda as suas memórias de infância na Bulgária, a participação na guerra e a melancolia de uma idade adulta passada no Canadá, enquanto luta para entender o significado e o propósito da sua vida.

  • POUR ELSA

Carmen Leroi, França, 2020, FIC, 30’

Elsa mora sozinha no seu apartamento de um prédio alto parisiense. A sua vizinha Alice gosta de ouvi-la quando toca piano em casa. Elsa oferece o seu piano a Alice, mas esta adquire o hábito de usar a casa de Elsa várias vezes por semana.

  • RIO

Zhenia Kazankina, Rússia, 2019, FIC, 22’

Polina mora e trabalha num pequeno hotel de uma cidade fronteiriça. Ela e a sua amiga Nadia sonham com um mundo diferente, paradisíaco e exótico. Quase nunca saem do hotel vazio e vivem através dos seus estranhos rituais diários, à espera de um milagre. Eis que um estranho chega ao hotel.

  • SOMETHING TO REMEMBER

Niki Lindroth von Bahr, Suécia, 2019, ANI, 5’

Uma canção de embalar antes do grande desastre. Dois pombos visitam um jardim zoológico sem animais, um caracol mede a sua pressão no médico, no laboratório do CERN aconteceu algo terrivelmente errado. Seis momentos dos nossos tempos, como memórias do mundo que deixamos para trás.

  • SOUVENIR SOUVENIR

Bastien Dubois, França, 2020, ANI, 15’

A Guerra de Independência Argelina contra o domínio colonial gerou um trauma geracional a argelinos e franceses. A partir do silêncio do seu avô, que foi mobilizado para a guerra para integrar o exército colonial, o realizador apresenta fragmentos de um passado que não pode permanecer esquecido.

  • STUMP THE GUESSER

Guy Maddin, Evan Johnson e Galen Johnson, Canadá, 2019, FIC, 19’

Uma das grandes atrações numa feira de diversões é um adivinho, cujo talento para antever o futuro e o desconhecido se evapora no dia em que o regresso inesperado da sua irmã o deixa perturbado. Uma fascinante comédia surrealista e uma fábula absurdista, esta é também uma homenagem ao cinema mudo.

  • SUBJECT TO REVIEW

Theo Anthony, EUA, 2019, DOC, 38’

Documentário que acompanha o desenvolvimento da tecnologia “Hawk-Eye” no ténis, expondo questões mais profundas de espetáculo e conhecimento humano imperfeito, bem como o significado mais vasto dessa busca pela exatidão que escapa ao olho humano.

  • THE END OF SUFFERING (A PROPOSAL)

Jacqueline Lentzou, Grécia, 2020, FIC, 14’

Uma rapariga a ouvir música nos seus auscultadores, enquanto viaja de comboio, começa a chorar ao olhar pela janela. Pouco depois, inicia-se um misterioso diálogo cósmico, entre a rapariga e uma entidade não identificada, como se estivéssemos perante uma espécie de sessão de terapia interestelar.

  • THE KITES

Seyed Payam Hosseini, Irão, 2020, FIC, 14’

Uma rapariga brinca nas encostas de um vale no Curdistão, quando o seu papagaio é repentinamente levado pelo vento para longe. Três rapazes assistem ao seu pedido de ajuda, mas não a entendem. Separadas pelo rio, as crianças tentam comunicar, mas entre elas estão os restos de uma história de conflitos.

  • THE UNSEEN RIVER

Pham Ngoc Lân, Vietname/Laos, 2020, FIC, 23’

Histórias contadas ao longo de um rio: uma idosa viaja rio acima até uma central hidroelétrica para encontrar um homem que foi seu amante uma vez por uma noite há 30 anos; um rapaz que não consegue dormir viaja rio abaixo até um templo à procura de encontrar um monge que cure a sua insónia.

  • VICTOR IN PARADISE

Brendan McHugh, EUA, 2020, FIC, 13’

Quando o seu senhorio chega para cobrar a renda que já está muito atrasada, Victor, um pintor sonhador e de poucos recursos, tenta desesperadamente reunir o dinheiro necessário para evitar o despejo. Depois de várias tentativas e esquemas falharem, Victor é forçado a enfrentar a realidade.

  • WASTE NO.4 NEW YORK, NEW YORK

Jan Ijäs, Finlândia, EUA, 2020, DOC, 19’

O filme retrata Nova Iorque através dos cemitérios comunitários para pobres e indigentes que foram sendo sucessivamente empurrados, ao ritmo de desastres e doenças, para as franjas da cidade. Um outro tipo de cemitério, o maior aterro sanitário do mundo, ajuda a compor uma exploração arqueológica da civilização ocidental, através dos seus restos humanos e materiais.

  • WITNESS

Ali Asgari, França/Irão, 2020, FIC, 15’

Uma situação trivial de uma mãe que ao ver alguém em apuros pondera parar para ajudar é retratada como algo capaz de alterar fundamentalmente a vida das suas intervenientes. Uma fábula em que, mais do um julgamento moral, se levantam questões sobre as decisões que tomamos no dia-a-dia.

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