“António Variações”: livro reúne fotografias do cantor tiradas pela agente e amiga Teresa Couto Pinto
A Oficina do Livro edita na próxima terça-feira, 20 de outubro, “António Variações”, de Teresa Couto Pinto – agente e fotógrafa do cantor entre 1981 e 1984, mas sempre amiga e confidente -, que, pela primeira vez, reúne, em livro, as icónicas fotos do cantor por ela tiradas, muitas das quais até agora inéditas.
“Este livro precisou de tempo e de espaço. Tempo, para amadurecer, de modo a que as imagens que guardei durante 35 anos, aqui legendadas pelas minhas memórias, possam reafirmar o legado do António Variações, inesquecível artista e amigo. E de espaço, para estarem criadas condições para concretizar um projecto”, escreve no livro-álbum em formato de LP, que inclui quase 150 fotografias, é prefaciado pela jornalista Manuela Gonzaga, e no qual se fala do cantor em várias vertentes: amigo, barbeiro, artista, esteta.
“Foi um tempo breve, mas muito intenso, em que tive o privilégio de o acompanhar como amiga, agente e fotógrafa. Este livro é o meu modo de o homenagear e agradecer pelo tanto que nos deixou. Secreto, discreto, educadíssimo, gentil e generoso de um modo que muito pouca gente conhece, e de uma inteligência muito acima da média, num país onde era, e continua a ser, muito difícil ser-se diferente, António Variações marcou-nos a todos. E continua a marcar. Dar & Receber foi título do álbum, e da canção com que ele se despediu de nós. Creio bem que esse foi, também, o lema da sua vida.”
António e Teresa conheceram-se em Lisboa, em 1976, na loja Parafernália, da Rua Castilho, onde Teresa trabalhava. Passaram a conviver à noite no Bairro Alto. António ainda era cabeleireiro. “Eu gostava de fotografar e andava quase sempre com a máquina fotográfica a tiracolo. Então, ele disse-me que precisava de uma fotografia para o single de lançamento. Disse logo que sim. Despedi-me do meu emprego — numa companhia de seguros — e passei a andar quase sempre com a máquina fotográfica. Foi assim que me tornei agente e a fotógrafa pessoal do António Variações.”
No início da década de 80, Teresa fixa para a eternidade o génio visual do artista minhoto. “Dizias que a parte chata da morte é o corte na vida. E não o acto de morrer. Achavas também que o dia tinha 24 horas, mas devia ter muito mais para teres o tempo de fazer tudo o que querias. Falámos disso muitas vezes, antes mesmo de saberes que estavas doente… Até um dia, quem sabe… algures do outro lado do espelho”. Um livro dedicado a uma amizade e aos “momentos loucos vividos sem filtros entre palcos, trapos e penteados”.
Nascida em Malange, Angola, Teresa Couto Pinto veio para Portugal em 1961, aos 6 anos. Foi agente e fotógrafa de António Variações entre 1981 e 1984. Trabalhou em produção de cinema e televisão nas empresas Cinematógrafo, Filmes do Tejo, David e Golias, Rosa Filmes e Endemol, entre outras. Na área do teatro, colaborou com entidades como Escola de Mulheres, Artistas Unidos e o grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Júlio de Matos. Esteve na organização de múltiplos eventos. Participa pontualmente em palestras e homenagens a António Variações com a biógrafa do cantor, Manuela Gonzaga.