“Branca de Neve”, de João César Monteiro: o filme que indignou Portugal
Em setembro do ano 2000, chegava às salas de cinema portuguesas um filme que se iria tornar, durante semanas, no tema central de muitas conversas de café.
O título, à primeira vista, não podia ser mais inocente. “Branca de Neve” era um clássico infantil reconhecido por praticamente todos os públicos, mas a obra que chegou às salas estava muito longe do conto que todos conhecemos ou não estivéssemos a falar de um filme de João César Monteiro.
No papel, este “Branca de Neve” era uma adaptação de um texto do suíço Robert Walser que recriava o conto dos irmãos Grimm para um público adulto, mas na prática era um pouco mais (e ao mesmo tempo menos) do que isso.
Para surpresa de praticamente todos os que foram assistir à estreia (incluindo alguns atores), durante praticamente toda a sua duração, Branca de Neve apresentava um ecrã totalmente negro, com a vozes dos atores a ler o texto de fundo.
Mesmo sem redes sociais, o filme causou uma onda de indignação a nível nacional que questionava a forma como o dinheiro público tinha sido aplicado. Afinal de contas, aquele ecrã negro tinha recebido cerca 650 mil euros de subsídio do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia e cerca de 130 mil euros da RTP. Parte dos apoios acabaram por ser devolvidos, mas da fama nunca se iria livrar.
O vídeo seguinte revisita a obra que, mais de 20 anos depois, continua tão provocadora como no primeiro dia e, com a ajuda de parte do elenco, tenta perceber quais foram as razões que estiveram na origem da inusitada opção estética de João César Monteiro.