Portugal e a União Europeia. Uma relação de 35 anos com que futuro?
O Debate-Boca é o programa de debate da rádio da Escola Superior de Comunicação Social, a ESCS FM. O episódio de junho centra a discussão na relação dos portugueses – em especial os jovens – com a União Europeia.
A imagem é mítica, e faz parte do rol de fotografias que vão continuar durante longas décadas nos manuais de história. Num dos monumentos mais emblemáticos da cidade de Lisboa, a poucos dias do início do Verão de 1985 dava-se um passo histórico na história de Portugal e no futuro da ainda Comunidade Económica Europeia. Mário Soares assinava, no Mosteiro dos Jerónimos, oito anos depois do pedido de adesão, o Tratado de Adesão de Portugal à CEE. “Quero acreditar que o ato a que acabam de assistir pode, sem exagero, considerar-se como um dos momentos mais significativos da história portuguesa contemporânea”, resumia o primeiro-ministro no discurso simbólico a 12 de junho.
A entrada oficial deu-se no primeiro dia do ano seguinte. 35 anos depois, Portugal é um país com uma democracia mais sólida, um tecido social e uma economia francamente diferentes. Estar na União Europeia permitiu construir pontes, autoestradas, modernizar a indústria e atrair o investimento estrangeiro, mas também cimentar laços com os parceiros europeus e colocar Portugal no mapa como um destino cultural, histórico e turístico incontornável.
Mas os números mostram um claro afastamento dos portugueses às estruturas europeias. Nas eleições para o Parlamento Europeu de 2019, por exemplo, a taxa de abstenção foi de 68,6%, a mais elevada de sempre em Portugal. Bruxelas parece estar a uma distância demasiado longa para ter influência no dia-a-dia dos portugueses. Ainda assim, é por lá que todos os dias são tomadas as medidas com real impacto na vida de empresas e cidadãos.
A resposta à pandemia de Covid-19 veio colocar a unidade europeia ainda mais à prova, com direito à consumação oficial do Brexit pelo meio. Uma resposta coordenada entre estados-membros, nomeadamente na compra e distribuição das vacinas, revelou-se, no fim de contas, eficaz, mas não isenta de críticas. A bazuca deixa antever um futuro recheado, que vai permitir a entrada de 6,4 mil milhões de fundos europeus em Portugal até 2029.
Falamos de uma União Europeia que procura desde a sua génese cimentar um espírito de cooperação. Consegue fazê-lo, ainda hoje, de forma eficaz? Que Europa podemos esperar para o futuro? Focada essencialmente no combate à crise que se avizinha, ou também empenhada no combate social e ambiental, apostando numa maior ligação às camadas mais jovens? Numa altura em que Portugal assume até ao final do mês a presidência do Conselho da UE, discutimos o papel das instituições europeias nos próximos anos. Com moderação de Mariana Serrano, o debate é partilhado com Maria Joanico, licenciada em Estudos Europeus e membro da BETA Portugal, e João Maria Jonet, licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais, criador do “O Parágrafo” e cronista no Jornal CRÓNICO.