Entrevista. Yamandu Costa: “Os públicos japonês e alemão parece que te ajudam a tocar. Respeitam até o silêncio e o teu tempo”
O que vais ler, ver e ouvir é da autoria do Backstage, um podcast criado por Ana Roque e Vasco Barreiros, que tem o apoio da Comunidade Cultura e Arte.
No décimo episódio do podcast Backstage, conversamos com Yamandu Costa, guitarrista brasileiro com um talento inacreditável, conhecido por tocar num violão de 7 cordas.
“Você encontrar sua profissão rápido é maravilhoso”, afirma Yamandu, ao falarmos do seu crescimento numa família de músicos e de como isso moldou o seu futuro. “Desde muito pequenininho numa foi, para mim, uma profissão, sempre foi um estilo de vida, uma maneira de pensar”.
“Eu ficava babando em cima do instrumento” brinca o músico, para tentar explicar que se apaixonou de tal forma pelo violão que passou toda a sua adolescência completamente absorvido pelo instrumento. Conta-nos que primeiro começou pelo típico violão de 6 cordas, mas que a sétima corda lhe dá possibilidades sonoras diferentes — e exemplifica com o instrumento que tem consigo durante toda a entrevista (é mesmo parte de si).
O músico fala-nos da forma espontânea como compõe, dizendo “A minha criação está ligada totalmente ao tempo vago, ao ócio”. Toca ainda um excerto de um tema que surgiu de uma ideia que teve no ginásio e que correu para casa para gravar, de modo a que não se perdesse. Chama-se Serelepe e é sobre os seus filhos.
Abordou-se ainda o percurso do músico e a sua experiência de estrada, sobre a qual nos conta alguns imprevistos passados. “O palco coloca pernas para o artista tropeçar”.
Entrando na secção das rubricas, o músico confessa o seu gosto por conduzir, e conta-nos algumas das razões pelas quais se mudou para Portugal, antes da pandemia. Todos os jogos foram desafiantes para o convidado, porém, conseguiu ter resposta para tudo.
Na segunda parte da conversa, fala-se habitualmente das influências musicais de cada convidado. Yamandu confessa “Sempre gostei muito de fado”, e menciona ainda artistas como Fausto. Conta-nos que cria as suas próprias playlists e que, nos últimos anos, têm ouvido muita música clássica, em particular, Wagner.
Mais tarde na conversa, o músico conta-nos que o povo japonês tem um respeito especial pela música. “No Japão parece que eles te ajudam a tocar”. Fala-se ainda do preconceito relativo à música instrumental, e de como não faz sentido, uma vez que a melodia é intemporal, ao contrário de muitas letras.
A conversa termina ao falar do que o músico teria feito diferente no seu percurso profissional, e do peso que a idade tem na sua dinâmica de estrada, sempre com o humor do convidado bem presente. No fim, há um momento musical arrebatador. Podem ver o episódio completo aqui: