“Monólogo de uma mulher chamada Maria”. Sara Barros Leitão leva ao Teatro Carlos Alberto, no Porto, a voz das trabalhadoras domésticas
Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa é o espetáculo inaugural da atriz e encenadora com a estrutura artística Cassandra.
Porque precisamos de empregadas domésticas? Quem nos interpela é Sara Barros Leitão (ler/ouvir entrevista), atriz e encenadora que resgatou a voz das mulheres que limpam e cuidam do mundo, para a levar à cena em Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa, peça que assina e interpreta. O espetáculo pode ser visto de 2 a 6 de março, no Teatro Carlos Alberto.
Com um título “roubado clandestinamente” a um texto do livro Novas Cartas Portuguesas, este Monólogo parte de entrevistas a trabalhadoras domésticas, empregadas de limpeza, dirigentes sindicais e académicos, para contar a história do trabalho doméstico, estruturalmente atribuído à mulher. Na base deste espetáculo está também o estudo do arquivo do primeiro Sindicato de Serviço Doméstico em Portugal e do seu congresso nacional que reuniu sete mil associadas em 1979, e o fenómeno do êxodo de milhares de jovens do interior do país para as grandes cidades.
Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa procura, afirma a encenadora e atriz, “contribuir para a escrita de uma história do trabalho das mulheres”, do seu poder organizativo, reivindicativo e de mudança, mas também questionar “a forma como nos organizamos enquanto sociedade”. O primeiro espetáculo da estrutura artística Cassandra marca igualmente o regresso ao Teatro Nacional São João do ex-diretor artístico Nuno Carinhas, que assina a cenografia e o figurino.
O espetáculo vai estar em cena de quarta-feira a sábado às 19h00, e no domingo às 16h00. Está agendada para a récita de 6 de março uma Conversa com o Mestre, posterior ao espetáculo, orientada pelo dramaturgo e encenador Luís Mestre. Os bilhetes têm o custo de 10 euros.