No Reino Unido, só 13% dos cabeças de cartaz em festivais são mulheres. Em Portugal, em 2019, o valor era de 14%
A BBC News analisou 50 eventos com 200 performances. Este estudo revela agora a quantidade de cabeças de cartaz femininos em festivais do Reino Unido, a realizarem-se só este ano. E conclui-se que apenas um em cada dez cabeças de cartaz são mulheres.
A amostra deste estudo abrange 50 eventos com 200 performances principais. E os resultados mostram que apenas 26 (13%) são bandas formadas por mulheres ou artistas a solo. Enquanto 149 (74,5%) são bandas formadas por homens ou artistas a solo masculinos. E 1 (0,5%) é um artista identificado como não binário.
Em Portugal, o cenário não é muito diferente. Em 2019, segundo um relatório da APORFEST (Associação Portuguesa de Festivais de Música), numa amostra de 287 festivais de música, “apenas 14% dos concertos tiveram mulheres como cabeças de cartaz”, revelou o Interruptor. Ou seja, valores muito próximos dos resultados do estudo agora divulgado pela BBC News sobre os festivais no Reino Unido.
Em 2021, o Interruptor foi ainda mais longe e analisou onze anos de festivais de Verão em Portugal, cerca de 3500 concertos, e concluiu que “nos grandes festivais nacionais, a representação de género é extremamente desequilibrada, com os artistas masculinos a assumirem quase sempre o protagonismo, seja a solo ou enquanto parte de uma banda. Em média, ocupam 70-90% das posições disponíveis. O Rock In Rio é quem fica melhor na figura; o Alive destaca-se pelas piores razões.”.
No mesmo artigo, a jornalista Rute Correia refere ainda que, entre 2017 e 2019, “o número de artistas do género feminino a terem espaço para actuar quadruplicou de 4 para 16, o valor máximo em onze anos. Ainda assim, mantém-se bastante aquém do número de bandas lideradas por homens (39).”.