Manuel Casimiro, filho do cineasta Manoel de Oliveira, inaugura exposição em Lisboa
O artista vai apresentar pinturas inéditas, uma série de “Photographies Erotiques” e uma instalação que foi apresentada ao público apenas uma vez em 1975. Esta exposição será uma ‘mostra’ de uma outra a acontecer em 2019 em Espanha sobre a carreira do artista e que, apesar do seu valor artístico, acaba por ser mais conhecida internacionalmente do que em Portugal.
Inaugura no dia 10 de Maio, às 18h30, no Espaço Camões da Livraria Sá da Costa, no Chiado, a exposição de Manuel Casimiro Estruturas, índices e protótipos, com curadoria de António Cerveira Pinto e produção de Ocupart. A exposição, iniciática de uma outra sobre o mesmo artista que se prevê que esteja concluída em 2019, estará patente de 11 a 30 de Maio e apresenta 43 obras.
Entre os trabalhos expostos, encontram-se algumas pinturas inéditas e outras que chegam pela primeira vez a Lisboa depois de serem mostradas no Porto e em Macau. Nestas obras pairam sobre fundos verdes, vermelhos e negros os conhecidos ovóides casimirianos, presenças pictóricas, mas também linguísticas, que marcam o processo de apropriação e transformação tão característico do trabalho de Manuel Casimiro desde o início dos anos 70 do século XX.
Em exposição encontram-se ainda uma série de Photographies Erotiques adquiridas por Manuel Casimiro em Portugal, mas provavelmente produzidas em França nos finais do século XIX. Ao invadirem estas obras sintomáticas do que Walter Benjamin chamava “obras de arte na era da sua reprodutibilidade técnica”, os ovóides casimirianos voltam a inscrever naquelas reproduções fotográficas os paradigmas modernos da autoria e unicidade material da obra de arte.
Uma apropriação diversa é a que resulta da transformação de um exemplar do livro de Gérard-Georges Lemaire, L’univers des Orientalistes, também ele em exposição. Trata-se de uma edição luxuosa sobre pintores orientalistas, num lugar renovado pelo fazer e olhar únicos de Manuel Casimiro.
Finalmente, no chão da magnífica sala virada a Nascente do Espaço Camões da Livraria Sá da Costa, pousa uma das mais intrigantes obras de Manuel Casimiro: Estrutura de Frutos e Legumes (1975). Uma malha ortogonal ocupada por tomates, batatas, pêras, laranjas e limões que estabelece com ironia uma rara relação entre espaço, matéria e tempo, três arquétipos que há muito se digladiam pelo topo do pódio da precedência filosófica.
No dia da inauguração decorre ainda o lançamento de um livro-objecto, editado pela Coral Books, com a presença de Manuel Casimiro e do autor do texto que acompanha esta rara edição, Jonathan Lahey Dronsfield.
Manuel Casimiro é um pintor, escultor e fotógrafo português. Conta na sua já longa carreira com dezenas de exposições individuais e colectivas em diversos países europeus, nos Estados Unidos, Brasil e China. A sua obra encontra-se em várias colecções privadas e no acervo de diversos museus como o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, o Museu Colecção Berardo, a Fundação de Serralves, o Centro Galego de Arte Contemporânea, entre outros.